sábado, 2 de março de 2013

PRAÇAS DA CORDOARIA E NOVA DAS HORTAS - II

2.5.1 - Praça da Cordoaria - II



No local onde hoje se encontra o Palácio da Justiça, existiu a Capela do Senhor Jesus do Calvário Novo – Segundo Horácio Marçal “a ermida, edificada no séc. XVII conservava um largo alpendre ou galilé (como era uso quase corrente nas capelas rurais) para abrigar das intempéries os inumeráveis fiéis que a ela acorriam… Como  o prédio tivesse ficado novamente vazio foi aproveitado para nele se instalar a Casa ou Roda dos Expostos (portaria de 12/10/1838), que da Rua dos Caldeireiros, onde fora instituída em 1/10/1688 (a instâncias dos Padres Baltazar Guedes e Manuel Rodrigues Leitão) e aqui se conservou até aos primeiros anos do séc. XX".


Desenho de Joaquim Vilanova – 1833 

"Paredes meias (com a ermida) fundaram os frades Antoninos do Vale da Piedade um recolhimento – Hospício de Santo António da Cordoaria – onde anos depois se instalou a "Roda dos Expostos”. Os frades Antoninos vinham para aqui descansar e convalescer, pois o local do convento, perto do Douro, em Gaia, era muito insalubre.
Por decreto de 9 de Julho de 1833 foi criada a Real Biblioteca Pública Municipal do Porto que incluía os 36.000 volumes apreendidos ao bispo D. João de Magalhães e Avelar, os pertencentes aos conventos extintos e outros oferecidos por particulares. Totalizavam cerca de 80.000 volumes.


Dado tratar-se de um escasso e impróprio espaço a Câmara resolveu, com a autorização do bispo transferi-los para o Paço…


…e só em 11/4/1842 passou para o antigo Convento de Santo António da Cidade, no jardim de S. Lázaro. Desenho de Joaquim Vilanova - 1833


Mercado do Peixe – frontaria – à esquerda a antiga Biblioteca Municipal do Porto


“Junto ao Hospício dos Frades Antoninos erguiam-se os celeiros públicos da cidade. Em 1869 começou a construir-se a praça do peixe e fressuras, (no socalco inferior), que veio a ser inaugurada em 1/3/1874 e demolida passados 78 anos (1952)”.


No local do Mercado do Peixe foi construído o Palácio de Justiça, inaugurado em 20/10/1961. Projecto do Arq. Raul Rodrigues de Lima. Frente ao edifício está uma escultura da Justiça, obra do escultor Leopoldo de Almeida.


Rapto de Ganimedes – António Fernandes de Sá –Foi comprado pela C.M.P. em 24/12/1914 e colocado no Campo da República - foi "rerraptado" deste para a Cordoaria, em 2010.


António Nobre – busto de Tomás Costa – inaugurado em 26/3/1927


Estátua de Ramalho Ortigão – Leopoldo de Almeida – 1954 – foto Dias dos Reis

“Em 21 de Agosto de 1954 é inaugurado… o monumento em pedra, ao escritor portuense Ramalho Ortigão… está com a frente – infeliz ideia – voltada para a Cadeia Civil do Porto, o que nos faz crer, pelo recôndito do local, estar ali para assistir, impassível, ao desabamento do dito edifício da Cadeia, ou então, para assistir ao levantamento da demolida e artística Casa da Fábrica, a qual, segundo noticiaram os jornais da época, devia ser reconstruída no gaveto existente entre as Taipas e o Calvário”. In O Tripeiro série VI, Ano II. 
Pelo que lemos acima há que comentar: Actualmente a estátua está colocada junto à Praça Parada Leitão, tendo à sua frente a Igreja do Carmo. Além disso, este texto, levanta o véu sobre o local destinado à reconstrução da belíssima Casa da Fábrica, o que, infelizmente não aconteceu. Onde estarão as sua pedras?


Juan Muñoz – “13 a rir uns dos outros” - 2001 – 4 conjuntos com 13 personagens a rir, sentados em bancadas.


Em 12 de Setembro de 1895 a Companhia Carris de Ferro do Porto fez circular o primeiro carro eléctrico, que fazia a ligação entre a Cordoaria e Massarelos.


Universidade do Porto ainda não totalmente construída – á direita, a entrada do Mercado do Anjo.




“O edifício sede da Universidade do Porto, em pleno centro histórico da cidade, acolhe actualmente a Reitoria e dois museus: o Museu de História Natural e o Museu da Ciência, ambos instituídos em 1996. Construído e remodelado ao longo de mais de um século, nele esteve instalada a Academia Real de Marinha e Comércio (1803-1837) e a Academia Politécnica do Porto, que lhe sucedeu (1837-1911). O primeiro desenho arquitectónico da Academia Real de Marinha e Comércio da Cidade do Porto é da autoria do arquitecto e professor lisboeta José da Costa e Silva (1747-1819) e foi mais tarde revisto por Carlos Amarante (1748-1815), arquitecto autodidacta, engenheiro de pontes, desenhador, gráfico e ilustrador. Em 1911, com a criação da Universidade do Porto, a Academia Politécnica foi desmembrada e parcialmente integrada na Faculdade de Ciências. No edifício da actual Praça Gomes Teixeira, por essa altura designada Praça dos Voluntários da Rainha, instalaram-se a Reitoria, a Faculdade de Ciências com os seus museus e laboratórios, bem como uma Escola de Engenharia, anexa a essa Faculdade. Em 1976, a Reitoria viu-se obrigada a mudar de instalações, tendo ido ocupar o imóvel do antigo Centro de Instrução e Condução Auto do Porto, na Rua de D. Manuel II. O regresso ao edifício de origem deu-se apenas em 2006.” Contudo, as raízes da instituição remontam ao século XVIII e a uma combinação de experiências formativas que viria a projectar-se na futura Universidade, que foram a Aula de Náutica (1762) e a Aula de Debuxo e Desenho (1779).




Lado Norte – Praça dos Voluntários da Rainha


Lado Poente

O espaço pertencia ao Colégio dos Meninos Órfãos que aí se manteve até meados do século XIX. O edifício do Colégio era do tipo conventual, com quatro alas em torno de um claustro, ocupando a igreja (de Nossa Senhora da Graça) o lado Norte.


Lado Sul – após 1911






Na madrugada do dia 20 de Abril de 1974, pelas 4 horas, deflagrou um violento incêndio no edifício sede da Universidade do Porto, na Praça Gomes Teixeira. Ao que tudo indica, o sinistro começou na ala sul do Salão Nobre e ter-se-á propagado a partir do seu tecto, apenas revestido pelo telhado e pelo forro. As chamas avançaram em direcção ao restante telhado e forro, varrendo-os a Poente e Nascente. Deste lado, ficaram imediatamente destruídos os arquivos da Universidade e a Biblioteca da Faculdade de Economia. A primeira estrutura a ruir foi a clarabóia, que encimava a escadaria nobre. A ala norte do edifício, voltada para a Praça de Gomes Teixeira, foi a mais afectada pelo sinistro. O Salão Nobre ficou totalmente destruído, assim como a Sala do Conselho. Os estragos na escadaria ficaram a dever-se à derrocada do telhado. Os dois óleos sobre tela fixados nas paredes laterais do piso nobre, da autoria José Maria Veloso Salgado (1864-1945), foram, também, atingidos pelas chamas. As peças de mobiliário de todos estes espaços ficaram destruídas ou muito danificadas, quer pela acção das chamas, quer pela acção da água utilizada para as combater.

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