2.7 - Dos Guindais a Massarelos
Eis uma excelente descrição dos cais a norte e sul do Douro. É tempestivo ARC tratar destas duas margens do Douro, pois a do sul ainda pertencia à cidade do Porto, até 1834.
Por vezes ARC foi acusado de irrealista e exagerado nas suas descrições. Penso ser este um dos casos. Quando ele descreve um “cais” que vai dos Guindais a Massarelos, não leva em conta que em Miragaia existia uma praia fluvial em cima da qual, em meados do século XIX, foi construída a Alfandega Nova. Muito mais espantoso é verificar-se que, no fim do séc. XVIII, já se "sonhava" com a construção de um cais até à Foz do Douro! Só neste século isso foi realizado, mais de duzentos anos depois.
Cais dos Guindais – Projecto do alargamento do cais e
caminho para a Ribeira – Existiu a Fonte das Aguadas, que fornecia a água às
embarcações, e que a Junta das Obras Públicas pretendeu melhorar, de forma a
que só fosse possível aceder-lhe pelo rio.
Cais dos Guindais – foto Aurélio Paz dos Reis
Muralha Fernandina antes da reparação – Vê-se o edifício
que foi o Convento de Santa Clara
Muralha Fernandina e Guindais – foto Francisco Oliveira - é visível a parte superior do Paço Episcopal com a sua clarabóia
Guindais - Foto de Fernando Pedro
Escadas dos Guindais – segundo Eugénio Andrea da Cunha Freitas, guindais poderá significar terreno ou caminho íngreme - foto Francisco Oliveira
A casa das máquinas deste elevador foi usado como atelier do escultor Henrique Moreira. Eu estive lá nos anos 40/50 por várias vezes e ficava assombrado pela quantidade de obras espalhadas, terminadas ou em trabalho, a maior parte delas em gesso.
O novo elevador inaugurado em 19 de Fevereiro de 2004 – Foto de Panorameo
Escadas do Codeçal –
foto de Filipe Carmo – codeçal é um termo do séc. XV, ou anterior, que refere
um arbusto leguminoso de flor amarela (codesso) que existiria nesta área – às
religiosas de Santa Clara chamavam as “Madres
do Codeçal”.
Gravura de Théronde de 1882
Vê-se a “varanda firmada sobre o muro da Ribeira”, a ponte D. Maria II, pênsil (1843-1886), e grande azáfama fluvial. Segundo “O Periódico dos Pobres” no segundo semestre de 1856 atravessaram esta ponte “17.687 carros, 1387 carruagens e Cª., 103 cadeirinhas, 38.725 cavalgaduras, 6.253 cabeças de gado vacum, 4.811 de ovino, 109 rebanhos de cabras e 84.650 pessoas a pé”. Por estes números se pode verificar a importância da construção desta ponte. E muito mais pessoas a pé a teriam atravessado, não fosse o medo de que ela se desmoronasse devido ao grande balanço do tabuleiro. Por esta razão muita gente preferia atravessar de barco.
Pelourinho da Ribeira
O pelourinho já vem do tempo do Império Romano. Era o local onde se amarravam os escravos e criminosos e se aplicavam os castigos públicos. Eram normalmente de jurisdição municipal, e símbolo da sua administração. O do Porto estava do lado de fora da muralha, junto da Porta da Ribeira. Foi construído no reinado de D. Manuel I. No cimo vê-se a coroa manuelina, a esfera armilar, o catavento e a cruz.
Ribeira em 1798 – gravura de Batty – antes da construção da ponte das barcas
Comércio na Ribeira – fins séc. XIX/ início do XX
Ribeira – anos 20? – Foto Beleza
Lavadeiras
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