2.5.2 - Praça Nova das Hortas (da Liberdade e Avenida dos Aliados) - I
Praça D. Pedro – pormenor do mapa de Telles Ferreira – 1892 – do blog Do Porto e Não Só
Câmara Municipal do Porto - desenho de Joaquim Vilanova - 1833
Praça da Liberdade em dia de grande movimento; festa ou feira? Já se vê um eléctrico que teria sido um Americano, portanto depois de 1904.
Praça D. Pedro – Séc. XIX
Ao fundo o edifício da Câmara com a estátua do Porto em cima. Ao centro da praça, a estátua da D. Pedro IV.
Em 17/2/1721 o Cabido da Sé cedeu graciosamente ao município terrenos do seu Campo das Hortas para a construção de um logradouro público. Este local teve através dos tempos vários nomes e estava fora da Porta dos Carros da Muralha Fernandina. Chamou-se Casal ou Lugar de Paio de Novais, (que ocupava o terreno desde a Praça Gomes Teixeira à de Almeida Garrett desde, pelo menos, 1431) e Fonte da Arca (durante o século XV); Praça da Natividade (depois de 1682, nome da fonte lá construída); Campo das Hortas. Em 1721 começa a construir-se a Praça Nova das Hortas); Praça da Constituição (1820); Praça Nova (1823), Praça D. Pedro (1832), Praça da República (13 a 27 de Outubro de 1910) e finalmente Praça da Liberdade (27 de Outubro de 1910).
Edifício do Município do Porto de 1819 a 1916 – foto Alvão - Este palacete foi comprado à Companhia dos Vinhos do Alto Douro em 23/3/1816 pela quantia de 26 contos de reis e, após importantes obras, foi aí instalada a Câmara Municipal, em 21/8/1819. Foi construído no séc. XVIII por João Monteiro Moreira, de Paredes. À esquerda encontra-se o segundo palacete comprado pela Câmara, por escritura de 15/3/1864, a D. Maria da Natividade Guedes de Portugal e Meneses (dados da História de Portugal do Dr. Artur de Magalhães Basto), por necessidade de ampliação das suas instalações. Começaram a ser demolidos em 1/2/1916 dada da decisão camarária da abertura da Avenida dos Aliados.
D. Manuel I criou a Casa dos 24 em 1/1/1518, no edifício torre junto da Sé. Nela estiveram instalados os 24 delegados dos mesteirais e a Relação. Porém, os desentendimentos entre estas duas entidades eram muito frequentes, pelo que tiveram de se separar. Em 15/3/1575 a Câmara é autorizada, por alvará Régio, a gastar 40.000 reis com o conserto da cobertura do grande alpendre do Convento de S. Domingos, por não haver, então, no Porto “outro lugar conveniente para grande ajuntamento de gente”. O edifício torre da “rolaçom” esteve muitos anos abandonado e foi demolido entre 1793 e 1794. De 1784 a 1805 a Câmara esteve instalada no Colégio de S. Lourenço (Grilos), ao qual alugou “as salas chamadas da aula, com o seu pátio” para mais cómoda instalação do Senado Municipal, por 96 mil reis por ano. De 12/11/1805 a 1819 esteve na Casa Pia, ano em que se instalou no palacete da Praça da Praça Nova das Hortas, a que acima nos referimos. Aí permaneceu até 3/2/1916. Entretanto, por uma questão de segurança, foi mudada durante o cerco do Porto para a Rua de Cedofeita, 199 (casa do Dr. José Ribeiro Braga) e depois para a Rua da Torrinha, 35 (casa de João Pereira de Meneses) até ao fim de 1833. Em 3/2/1916 mudou para o Paço Episcopal donde saiu em 24/6/1957 para a actual Câmara Municipal.
Sala das sessões da Câmara, com o retrato de D. Carlos
Revolta de 31 de Janeiro de 1891 – Aclamação na Praça Praça D. Pedro- Alves da Veiga na varanda da Câmara
Recepção a D. Manuel II na sua visita ao Porto, em 1908
Comemorações da Revolução do 5 de Outubro - 6/10/1910
Praça da Liberdade antes de 1916
Estátua do Porto
Mestre pedreiro João da Silva, 1818.
Envolvida em polémica está a autoria desta estátua. Porém, parece ter ficado definitivamente aceite que o seu autor foi Mestre João da Silva. Germano Silva conta no Jornal de Notícias que “…Quando a Câmara comprou o edifício da Praça Nova (actual Praça da Liberdade), para nele instalar os seus serviços, e mandou proceder aos necessários arranjos, foi decidido que no cimo do frontão do edifício, como remate, seria colocada "uma jarra de pedra", como muitas outras que embelezam as frontarias de outros edifícios, com a diferença de que esta devia atingir proporções fora do vulgar, dada a imponência da fachada em causa. Mas em vez da jarra acabou por se optar, não se sabe com que fundamento, por uma estátua. Houve quem visse nesta opção um propósito de reabilitar a antiga figura do "Porto" a que alude Garrett em "O Arco de Sant'Ana".
Demolida que foi a Câmara, em 1915, para a abertura da Avenida dos Aliados, esta estátua foi sucessivamente deslocada para vários locais.
Primeiro para o Largo da Sé quando em 1915 a C. M. Porto passou para o Paço Episcopal. Daí para o início da Avenida das Tílias, no Palácio da Cristal. Posteriormente “despachada” para o lado nascente deste, perto do Roseiral. Há uns anos alguém, que portuense não é ou não gosta do Porto, po-la de castigo atrás da falsa torre da Casa dos Vinte e Quatro, virada de costas para a cidade que a deveria apreciar. Como já está habituada a mudar de paisagem esperamos bem que, em breves dias, um bom portuense a mande colocar em local bem visível e digno de tal símbolo.
Em tempo: já depois de publicado o comentário acima, em Abril de 2013, o Presidente da CMP, Dr. Rui Rio, parece ter ouvido as muitas críticas sobre o local onde estava a estátua, transferindo-a para a Praça da Liberdade em frente ao Banco de Portugal e muito perto onde ela esteve cerca de 100 anos!
Praça D. Pedro – 1909 – Lado Norte/Poente – de notar o fontanário, a caixa de correio na rampa,o Hotel Brasil e o candeeiro. Hoje é a Rua Dr. Artur de Magalhães Basto.
Estátua de D. Pedro IV – Foto do início do séc. XX
Foi seu escultor Célestin Anatole Calmels. Fundida em
Bruxelas, custou cerca de 30 contos de reis. Mandada fazer em 1862 para
comemorar os trinta anos do desembarque no Mindelo, foi inaugurada em 19 de
Outubro de 1866. O pedestal foi feito pelo canteiro Joaquim Antunes dos Santos. D.
Pedro segura na mão direita a Carta Constitucional de 1826 e na esquerda as rédeas do cavalo.
Uma charada muito antiga do Porto é: Qual é a pata direita do cavalo de D. Pedro?
Armas frontais
Oferta da cidade do Porto
No pedestal encontram-se dois altos-relevos representando, um o desembarque no Mindelo e a entrega da Bandeira a Tomaz de Mello Breyner, o outro a entrega do coração de D. Pedro IV ao Porto, que se encontra na Igreja da Lapa.
Placa com o nome dos 12 Mártires da Liberdade, neste local
enforcados pelos miguelistas em 1829 - foto de Ruy Brito e Cunha, 2008
“Em 1823, como fosse abolido o regime (liberal), pela contra revolução que estabeleceu o Absolutismo, de novo voltou a designar-se Praça Nova e nela, em 7 de Maio e 9 de Outubro de 1829, subiram ao patíbulo os 12 Mártires da Pátria que se encontravam presos na Cadeia da Relação acusados de terem tomado parte activa na revolução de 16/5/1828 e pertencerem ao Partido Constitucional… foram os seus despojos transportados para o Cemitério ou Adro dos Enforcados, que na altura ficava no chão do Robalo, na parte onde se abriu depois a Rua da Liberdade, hoje Rua de Alberto Aires de Gouveia. Passados sete anos, foram os restos mortais desses desgraçados reunidos e trasladado para um jazigo especial mandado construir no átrio da S.C.M. à Rua das Flores, cuja fúnebre cerimónia teve lugar a 7 de Maio de 1836. Em 19/6/1878 foram as ossadas transferidas para o recinto privativo da dita S.C.M. no Cemitério do Prado do Repouso.” In O Tripeiro, Série V, Ano 9.
Praça da Liberdade e Rua dos Clérigos (ex-Calçada da Natividade) - de notar, á direita, a escada exterior que dava acesso à Igreja dos Congregados.
“ Baseados
em Sousa Reis (1868) dissemos que na Praça da Liberdade, junto da demolida
fonte da Natividade, ficava o correio, nas casas da esquina fronteira onde
agora mora uma bacalhoeira. (Local onde hoje está a Casa Navarro). Dissemos ainda ter sido neste lugar que se ia ver a lista dos nomes
que até se pregava numa árvore fronteira da fonte (a destruída Fonte da Natividade), que nessas ocasiões era
frequentadíssima. De facto era frequentadíssima porque nesse tempo ainda não
havia, como actualmente há a distribuição domiciliária. O dono da improvisada
repartição do antigo Campo das Hortas é que afixava ou mandava afixar no tronco
de uma árvore, sempre certa, a lista dos destinatários da correspondência
recebida, em sua casa, ficando, por ela, todos os presentes informados a tal
respeito. Só no ano de 1696 é que foi nomeado Correio-Mor do Porto, João Soares
de Carvalho, que instalou a respectiva repartição na sua respectiva residência,
à viela que por esse motivo veio a ter o nome de Rua do Correio-Mor, ou
unicamente Rua do Correio". In O Tripeiro
Hoje chama-se da Rua do Conde de Vizela.
Convento de Nossa Senhora da Consolação dos Cónegos de S. João Evangelista ou Loios – D. Violante Afonso mandou construir em terreno seu, para sua sepultura, uma capelinha dedicada a Nossa Senhora da Consolação. Em 1490 o Bispo do Porto D. João de Azevedo, tendo vontade de construir um mosteiro para a Congregação de S. João Evangelista, recebeu os terrenos, por doação, e aí construiu o Mosteiro e Igreja de Santa Maria da Consolação ou de Santo Elói, fundado em 6 de Novembro de 1491. Em 1794 os frades foram autorizados a demolir a muralha que dava para a Praça Nova das Hortas e a construir um majestoso edifício com a frontaria para esta praça. Em 1833, por decreto de D. Pedro IV, foram os seus bens confiscados, não estando ainda terminadas as obras. A igreja e o mosteiro, virados para a Praça dos Loios, foram destruídos por estarem em estado ruinoso.
Esta gravura foi feita em plenas lutas liberais e vários dos personagens parecem ser militares ou da Guarda Municipal. As pirâmides parecem ser material militar para a artilharia.
Nesta foto já não se vê a Fonte da Natividade, pois D. Pedro IV mandou-a destruir assim que chegou ao Porto, em 1832, para alargar a praça.
Mais tarde foi adquirido por Manuel Cardoso dos Santos, brasileiro de torna viagem, que o comprou por oitenta contos de reis com obrigação de concluir o palácio segundo o antigo projecto, tendo sido terminado, em 8 de Junho de 1853, pela sua viúva. Daí, segundo Horácio Marçal, dever-se-ia chamar “Palácio da Cardosa e não das Cardosas”. Este grandioso edifício tem na sua totalidade 117 janelas e 39 portas. Em 1970 este prédio ainda pertencia aos descendentes da mesma família. – Apontamentos tirados de O Tripeiro Série VI, Ano X.
O passeio em frente do palácio era, nos meados e finais séc. XIX, o conhecido “Real Clube dos Encostados ou pasmatório público”, onde se reuniam, na cavaqueira, os artistas, jornalistas e boémios do Porto.
“As gentes vestiam de uma outra
forma. Alguns homens, com aparência de “esticadinhos” (também chamados pipis da
tabela) usavam gravatas penduradas nos colarinhos, rafados, de tanto a camisa
ser lavada; fatos lustrados de anos de uso. As faces das pessoas não eram
coradas como as dos homens e mulheres do Arcozelo. Jovens penteados com o
cabelo para trás e empastado de brilhantina barata. Os janotas, românticos, estes rondavam a Praça, passeavam pelo Passeio das Cardosas, Santo António, Clérigos, Leões e Carlos Alberto botando os “olhinhos”, apaixonados, às prendadas meninas que pelas tardes acompanhadas das mamãs iam juntar-se a outras senhoras gradas e tomarem, juntas, o chá da tarde com bolos à Arcádia ou à Ateneia na Praça da Liberdade.” In Porto Tripeiro
Flora Portuense – ficava na parte poente supomos que o local onde depois esteve a Arcádia ou a Ateneia, e pertencia ao grande fotógrafo portuense Aurélio Paz dos Reis (acima).
Praça da Liberdade – cerca de 1916 - a CMP já foi destruída, mas ainda não está aberta a Avenida dos Aliados
Em 1931 abriu a primeira Feira do Livro na Praça da Liberdade
Banco de Portugal e o quiosque dos STCP - A Filial do Porto do Banco de Portugal é mais antiga que o próprio Banco de Portugal, pois iniciou a sua existência em 1825, como Caixa-Filial do então Banco de Lisboa. Nessa época, a Caixa-Filial começou por instalar-se na parte frontal do Convento de S. Domingos, até que o Banco de Portugal decidiu adquirir os terrenos que hoje ocupa junto à Praça da Liberdade. Foram a hasta pública em 26/4/1917. A construção do edifício teve início de imediato e veio a ser concluída em 1934, ano da inauguração.
Praça da Liberdade
Obras, em 1927, da CMP e da Carris de Ferro do Porto. O novo edifício da C.M.P. está em construção, mas ainda se vê torre da Igreja da Ordem Trindade.
O Ardina - escultor Manuel Dias
Sem comentários:
Enviar um comentário