segunda-feira, 22 de setembro de 2014

3.11.09 - OUTRAS CAPELAS - II

Capela e Hospício de S. Crispim e S. Crispiniano


Capela e Hospício de S. Crispim – desenho de Joaquim Villanova – 1834

A irmandade de S. Crispim e S. Crispiniano é das mais antigas de Portugal. Foi criada no séc. XIII pela confraria dos sapateiros, tamanqueiros, soqueiros e outras profissões ligadas às peles. Tornou-se uma das mais ricas do Porto, dada a importância do seu ofício. Construíram uma capela e um hospício/hospital junto à antiga ponte de S. Domingos, e destinava-se a acolher os romeiros pobres que se dirigiam a S. Tiago de Compostela. Também era chamado de Hospital dos Palmeiros. Segundo o Prof. Ribeiro da Silva, nos séc. XVI/XVII, era a irmandade mais numerosa e que mais licenças pagava à câmara.

Foram recentemente descobertas pedras das fundações desta capela por baixo da Rua de Mouzinho da Silveira – vídeo 


Aí estiveram até ao último quartel do séc. XIX, e desmontados aquando da abertura da Rua de Mouzinho da Silveira. O decidido era retirá-la do local e reconstruí-la mais acima com frente para a nova rua (a tracejado). Porém, o rápido desenvolvimento da cidade e divergências com a Câmara, acabou por ser executado um novo projecto no Largo da Rainha D. Amélia, em 1878.


Actual Capela de S. Crispim e S. Crispiniano no Largo Rainha D. Amélia


Largo da Rainha D. Amélia em 1960

Capela da Senhora da Saúde



“No ano terrível em que o Porto foi invadido pelos franceses, cujas tropas, recuando aos tempos bárbaros, saquearam a cidade durante três dias, cometendo as maiores atrocidades precisamente durante o período angustioso que antecedeu a tomada da cidade, é que se deu início aos actos preliminares para a celebração do culto, na Capela da Senhora da Saúde como a seguir veremos.
Foi em 18 de Fevereiro de 1809 que, Francisco José de Faria, assistente (morador) ao Padrão de Campanhã fez o interessante requerimento, que a seguir reproduzimos, dirigido ao Prelado da Diocese:
Exm.º e Revm.º Snr. - Diz Francisco José de Faria, assistente ao Padrão de Campanham, que pela razão de ter sua mulher moléstias habituais, e ser-lhe por isso necessário a uzar de remédios sucessivamente, não pode hir ouvir Missa a qualquer Igreja da Cidade, e mesmo a da sua freguezia pela sua grande distância; e mesmo acontece com sua sogra que tem em sua companhia a qual alem de ser igualmente achacada e muito avançada idade contando mais de 80 anos, que por tudo não pode da mesma sorte hir a sua Missa aquelas Igrejas tão distantes da sua habitação.
E por que junto à morada do suplicante existe uma Capela Pública a onde contudo se não diz Missa, pertende o suplicante que V. Ex.ª Revm. lhe conceda licença para nela se poder celebrar o Santo Sacrificio da Missa, em quanto o suplicante existir naquele sítio com a sua mulher e sogra; obrigando-se primeiro a pôr a dita Capela em forma decente à sua custa, e prestar os paramentos necessários durante e a mesma assistência: tudo a fim de evitar os inconvenientes da dita sua mulher e sogra que se acham com a referida impossibilidade bem como o faz certo o atestado junto:
Pede a V. Ex.ª Revm.ª se digne haver por bem conceder ao supp.te a licença pedida em vista das justificadas razões expostas. E. R. M. cê»
Esta capela já existia, mas nunca lá se tinham realizado actos de culto por não ter os requisitos necessários.
Em 8 de Junho foi recebida a seguinte informação: “«Em conformidade com a Portaria do Ex.mo e Iminentissimo Senhor Bispo do Porto, Patriarca Eleito de Lisboa, Benzi a Capela, de que faz mensão este requerimento pela achar com a precisa decencia, e com todos os ornamentos, e guizamentos precisos para celebrar o S.to sacrificio da Missa, o que certifico e atesto. Porto 8 de Junho de 1809. Carlos José Tavares de Vasconcelos».


"A Capela a que nos vimos referindo, sofreu reformas e ampliações, em 1815, 1869 e há meia dúzia de anos. Na sacristia desta Capela existe uma imagem do Senhor do Padrão, esculpida em pedra, que esteve outrora sob um alpendre existente ao lado norte da rua do Prado (hoje rua do Heroísmo), tendo para ali sido trasladado em Junho de 1869 à custa dum tal Sr. José de S. Couto, de Campanhã.
A imagem, poli crómica, é regularmente esculpida e é do século XVII, medindo com a cruz 1,45 m de altura.” Site da Capela.


No dia 15 de Agosto realiza-se a procissão da festa. Nesse período decorre a romaria no Largo da Arca d’água. 

Capela de Santo António Magno ou do Penedo


Planta do antigo Largo de Santa Clara onde esteve a Capela de Santo António Magno do Penedo.



Note-se que esta capela dedicada a Santo António não se referia ao Santo António de Lisboa, mas sim a Santo António Magno, eremita de Tebaida, conhecido por Santo Antão. ARC afirma, como acima se pode ler “a de Santo António do Penedo, que foi a primeira que se consagrou a este Santo”. Ora, foi provado documentalmente que este Santo António era o ermitão que acima referimos. O documento referido por Carlos das Neves, em O Tripeiro, Volume 1 a páginas 300 e Volume 2 a páginas 25, eram as “Memórias da Congregação do Oratório da Cidade do Porto…de 1741” e pertencia, em 1898, ao ex- Abade de Miragaia, quando foi lido pelo referido Carlos das Neves. Neste documento pode ler-se: “…determinaram Gaspar de Abreu de Freitas desembargador dos agravos desta Relação, como Juiz que era da Confraria de Santo António, ele e mais mordomos da mesma Confraria edificar um templo em honra de Santo António; porque não tinha este Santo sendo nosso português igreja alguma na cidade dedicada ao seu nome: pois ainda que a Capela, enquanto a dita Confraria até ali estava assentada, se chamava de Santo António do Penedo, por estar fundada sobre viva Rocha junto ao muro da cidade da parte de dentro; na realidade esta Capela não foi fundada para Santo António Português; mas sim para Santo António Magno que vulgarmente chamamos Santo Antão…”
Tinha 12 a 15 metros de comprimento e 4 a 5 de Largura. O arco bizantino da frontaria era o único na nossa cidade. Supõe-se que esta capela foi construída no séc. XIV, mas “o primeiro documento que tem aparecido a seu respeito é um título do ano de 1504, onde se vê que naquela data estava ela vinculada, ou na posse dum tal Afonso Ferraz, a qual havia já herdado de seus ascendentes”. Carlos das Neves. 
...“Que se chamou do penedo por causa do penedo sobre o qual se encontrava. Nos começos do séc. XVII foi aí instalada uma Confraria de Santo António administrada pelos Desembargadores da cidade do Porto, mas que no ano de 1567 se passou para a nova ermida, mais ampla, no lugar das Hortas, junto à Porta de Carros, que depois veio a ser a Igreja e convento dos Padres Congregados do Oratório… Em 1885 iniciou-se a abertura da Rua de Saraiva de Carvalho, para fazer a ligação à ponte de D. Luis. Nesse altura foi sacrificada a Capela de Santo António do Penedo”. Fernando Moreira da Silva no Boletim dos Amigos do Porto de 2000.
Todas as noites os vizinhos de Cimo de Vila se reuniam nesta capela para rezar o Terço. Aos Domingos e dias santificados terminava com uma procissão. Este costume levou a que se fundasse uma Irmandade que erigiu o Hospital e a Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Terço e Caridade. (ver Igreja e Hospital do Terço).

Capela do Senhor d’Além




“Quando o bispo do porto, D. Pedro Rabaldio, mandou erigir, no ano de 1140, no sítio em que, presentemente, vemos o edifício do Mosteiro da Serra do Pilar, um convento de monjas de invocação a São Nicolau foi achada uma imagem do Senhor Crucificado.
O mesmo bispo, então, mandou construir uma ermida, para a recolha da mesma imagem, no sítio em que, actualmente, está a capela do Senhor de Além.
E, mais tarde, quando os monges de Grijó conseguiram mandar construir o actual convento da serra do Pilar, o bispo D. Baltazar Limpo ordenou que as imagens de São Nicolau, de São Bartolomeu e do Senhor Crucificado, que estavam na igreja do extinto convento das Donas Pregaretas de S. Nicolau, fossem recolhidas à capela do Senhor de Além, já reformada e ornamentada, para tal fim, pelos monges de Grijó, cerimónia que se realizou no dia 24 de Agosto de 1500, depois das mesmas imagens serem conduzidas, processionalmente, em barcos pelo rio Douro...
A primitiva imagem do Senhor Crucificado existente na capela foi, certa vez, levada à cidade do Porto, por motivo de fazer-se preces ad preltendam pluviam – rezar a queda de chuvas – sendo conduzida em fervorosa procissão pelas ruas da mesma cidade.
E como sucedesse chover, os cónegos da Sé do Porto recolheram a imagem e não mais a deixaram vir para a sua capela, facto que redundou em grande arrelia para os Gaienses.
Por fim, em virtude do prelado mandar erigir um altar para a imagem do Senhor de Além, no claustro da Sé, os devotos de Gaia mandaram fazer outra nova imagem e a colocaram, com todo o luzimento, no mesmo lugar em que era venerada a primitiva.
A nova imagem, em outras ocasiões, chegou a ser conduzida, em barcos, até à foz do Douro, por motivo de preces; mas os Gaienses nunca mais permitiram que ela fosse à vizinha cidade.
Anos depois, junto à capela do Senhor de Além – 5-3-1739 – cinco frades carmelitas, calçados, fundaram um hospício que funcionou até 1832.
O edifício do hospício, depois de 1834, foi vendido e nele chegou a funcionar uma fábrica de louça.
Presentemente todo o edifício está em ruínas.
A actual capela, que mantém o culto, foi edificada, no lugar da antiga, em 1877. Tem benfeitores muito fervorosos. A festa em honra do Senhor de Além realiza-se, sempre, no domingo seguinte em que se celebra a festividade à Senhora do Pilar, no penúltimo domingo de Agosto." In Resenha histórica de CALE Vila de Portugal e Castelo de Gaia.


Santo Crucifixo de S. Nicolau de Vila Nova, mais conhecido por 
Senhor d’Além – Casa do Cabido

Houve, no século XVII, um grave diferendo entre o Bispo e o Cabido e a Câmara. Conta-nos o historiador portuense Germano Silva a interessantíssima história:

"A capela do Senhor d'Além, que fica nas abas da Serra do Pilar, mesmo em frente aos Guindais, além-Douro, portanto, e daí o nome, e a respectiva irmandade foram, durante muitos anos, "administradas pela cidade" (do Porto). Em determinadas ocasiões os edis portuenses, na qualidade de administradores do templo e da confraria, iam ao lado de lá buscar a imagem do Senhor d'Além para que participasse nas chamadas "Procissões de Preces". Acontecia, por exemplo, em tempos de seca ou de inundações. A Câmara organizava então "procissões de preces", para pedir chuva, se fosse o caso, ou para solicitar o termo de calamitosas cheias. Mas também se realizavam, com a presença da imagem do Senhor d'Além, "Procissões de Graças". Como aquela que aconteceu no dia 18 de Novembro de 1755. Dias antes a cidade de Lisboa havia sido destruída por um terrível terramoto. A cidade do Porto saíra praticamente ilesa dessa catástrofe. Aqui caíra apenas o tecto da capela de S. Roque, que ficava perto da Sé; a torre da igreja dos padres da Congregação de S. Filipe de Nery (Congregados) e pouco mais. Logo naquele dia, segundo consta da acta da reunião municipal que então se realizou, "…sendo convocados na forma do estilo a Nobreza e Povo foi proposto pelo Procurador da cidade que, não tendo acontecido entre nós nem ruína nem mortandade, era justo fazer-se uma Procissão de Graças e que estas deviam ser rendidas especialmente à Veneranda Imagem do Senhor d'Além…" Alguns anos antes (1734) a "Câmara e toda a Vereação" haviam acompanhada a mesma imagem numa imponente procissão fluvial até junto da barra por causa de "uma grande seca e falta de água na cidade…"
Ora, sempre que a Câmara ia ao lado de lá buscar a imagem do Senhor d'Além a fim de a levar para a Catedral, tanto à vinda, como no regresso, o transporte fazia-se, sempre, com grande solenidade, em procissão, na qual participavam o Cabido e as várias confrarias da cidade. Tudo correu normalmente até um dia em que os cónegos reagiram mal a um convite da Câmara para estarem presentes em mais uma procissão. Tratava-se do regresso da imagem à sua capela do lado de lá. Entendiam os membros do Cabido que não deviam andar às ordens dos edis. Que estes não tinham qualquer autoridade para os convocar a participarem na procissão. E como se dava o caso de a imagem do Senhor d'Além estar na Sé, os cónegos mandaram dizer à Câmara mais ou menos isto " só vamos quando muito bem nos apetecer…" E não deixaram sair a imagem da Catedral. O conflito entre os do Município e os do Cabido estava instalado. Como sair dele? Os vereadores, sentindo-se ofendidos (então não era a eles que competia administrar a capela e a imagem do Senhor d'Além?) escreveram ao Juiz da Coroa pedindo providências e este escreveu ao cabido dizendo-lhe que " deixassem os edis levar, como sempre o fizeram, o dito Santo Crucifixo a seu arbítrio…" Mas o Cabido não só não deixou levar a cruz, como não respondeu ao oficio, nem a este nem a um segundo que o Juiz da Coroa lhe enviou.
Perante aquela insólita atitude dos cónegos, a Câmara apelou para uma instância superior, a Mesa do Desembargo do Paço que a 22 de Novembro de 1631 enviou um despacho favorável à Câmara dizendo ao Cabido que os edis "podiam levar o crucifixo mas privadamente sem ser em forma de procissão…" Era uma tentativa de resolver a questão que se arrastava sem solução à vista. No entanto, mais de dez anos depois, em 1646, a questão mantinha-se como no princípio a cruz só deixaria a Sé quando os cónegos assim o entendessem. 
Perante este imbróglio a Câmara exigiu que fosse executada a sentença da Mesa do Desembargo do Paço. Aparece então o bispo a dizer que não, alegando que a sentença não tinha validade porque o prelado não fora ouvido. Mas a relação mandou que a sentença fosse executada. O conflito é que não ficou sanado. A partir daqui a Câmara, sempre que ia buscar o Senhor d'Além ao outro lado do rio, em vez de levar o crucifixo para a Sé, como era tradição fazer-se, passou a conduzi-lo para a capela de S. Miguel-o-Anjo, junto à Porta do Olival, que também era administrada pela Câmara. Conta uma velha lenda que Portugal ainda não existia como país livre e independente quando, aí por 1140, uns pescadores dos Guindais, que andavam na apanha do sável no rio Douro, em frente ao sítio hoje conhecido pelo Senhor d'Além, trouxeram na rede um enorme crucifixo que estava no fundo do rio. Movidos por grande piedade, os pescadores levaram a imagem para uma ermida da invocação de S. Nicolau que havia no cimo da actual Serra do Pilar a que antigamente se dava o nome de Monte da Meijoeira, de Quebrantões ou de S. Nicolau. Quatrocentos anos depois os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho construíram ali um mosteiro que serve hoje de quartel e removeram a capela de S. Nicolau para junto do rio "para um penedo que está acima do cais". Com vários restauros, acrescentos e modificações é a que ainda hoje lá está agora sob a invocação do Senhor d'Além, do qual existe uma bela imagem (século XVIII) no cartório da Casa do Cabido, à Sé.

Capela do Senhor Jesus do Calvário Novo 


Capela do Senhor Jesus do Calvário Novo

O nome de “Calvário” advém-lhe pelo facto de neste local existir o Cruzeiro do Calvário Novo, que era o último Passo da Via Sacra que começava na Capela de Santo António do Penedo e aqui terminava. O nome de Novo distinguia-o do Velho que se situava no antigo Largo do Calvário Velho, mais tarde Praça de Santa Tereza ou do Pão. Quando se começou a construir o Mercado do Peixe, 1/6/1869, foi este cruzeiro mudado para a Capela de S. José das Taipas.

Segundo Horácio Marçal “a ermida, edificada no séc. XVII conservava um largo alpendre ou galilé (como era uso quase corrente nas capelas rurais) para abrigar das intempéries os inumeráveis fiéis que a ela acorriam. Paredes meias fundaram os frades Antoninos do Vale da Piedade um recolhimento – Hospício de Santo António da Cordoaria – onde anos depois se instalou a Roda dos Expostos”.
Capela de Santo Ovídio





Imagem de Santo Ovídio – Segundo as hagiografias do século XVI, Ovídio era cidadão romano de origem siciliana. A tradição afirma que foi enviado para Braga, Portugal, pelo papa Clemente I, onde foi o terceiro bispo no ano 95. Foi mártir pela sua fé cristã no ano 135. Está sepultado na Sé de Braga. É considerado o advogado das dores de ouvidos e dos maridos infiéis.
A Capela de S. Bento e Santo Ovídio foi construída pelo Dr. João Carneiro de Morais e sua esposa no ano de 1665, em terreno da sua Quinta da Boavista, que depois se chamou de Santo Ovídio. Tinha a frente para a estrada de Braga, junto da actual Rua dos Mártires da Liberdade. Pertenceu aos Padres Agostinhos Descalços até 1787, que terão construído um hospício para descanso dos seus padres. Em 1780 estes frades compraram à Universidade de Coimbra o Convento e Igreja de S. Lourenço (Grilos) para onde se mudaram. Em 1787 a família Figueiroa comprou a capela, já muito degradada. Foi destruída nos anos 90 do séc. XVIII. 

Capela do Espírito Santo


A Capela do Espírito Santo já existiria quando em 1405 se começou a construir o Hospital do mesmo nome, que só terá sido concluído após 1443. A administração estava confiada à Confraria dos mareantes. A sua finalidade seria a de socorrer os pobres da freguesia, pois os de fora só poderiam estar lá 3 dias. Tinham, ainda, obrigação de dar sepultura condigna aos cadáveres que chegavam nas águas do Douro. Era uma das instituições mais ricas da cidade, pois recebia avultadas dádivas e testamentos de ricos mareantes. Na praia de Miragaia havia estaleiros navais que pagavam por cada “assento” de navios que aí construíam. Tinha também muitos devotos que ofereciam esmolas e rendimentos de prédios de sua propriedade. Em meados do séc. XVII o hospital foi anexo ao Hospital de Santa Catarina na Rua da Reboleira.



O Tríptico, flamengo, do Espírito Santo foi encomendado em 1515 por um cidadão chamado João de Deus, que o ofereceu à Confraria. Diz-se que o personagem ajoelhado, que se vê no volante esquerdo do tríptico, será o retrato do próprio doador. Também há quem afirme que o retrato será o de outro João de Deus e que o Tríptico terá sido pago com dinheiro deixado em testamento por este, embora encomendado pelo primeiro, que terá mandado pintar o retrato do João de Deus falecido, em sua homenagem. Esta obra notável encontra-se actualmente no Museu de Arte Sacra da Confraria do Espírito Santo, ao lado da Igreja de S. Pedro de Miragaia. Em 1871 o Abade de Miragaia Padre Pedro Ferreira escreveu que “os seis quadros que ornam o altar e a frente da dita capela… têm muito valor e merecimento e que só um deles vale dous ou três contos de reis! São todos antiquíssimos como a capela, pintados a óleo sobre madeira, e mal podem convenientemente transferir-se por serem talhados para o local em que se acham”.

Capela da Senhora da Conceição ou do Pinheiro


Horácio Marçal, em artigo de O Tripeiro Série VI, Ano IV, escreve: “Esta legenda, que se apresenta incorrectamente escrita, pode, talvez traduzir-se do seguinte modo: “- Este lugar do Pinheiro desaparecerá. A Senhora da Conceição, porém, há-de atear chamas alterosas e, estas, darão água." O sentido, salvo melhor juízo, é este: “- Apesar das vicissitudes que este lugar sofrer, a graça vinda por meio de Nossa Senhora da Conceição, será aqui perenemente difundida.” Enquadrada na moldura que contém esta inscrição, pode ainda ler-se, em numeração romana, a data de 1757 o que prova, supomos, ter sido este o ano em que a capela foi construída”



Capela de Nossa Senhora da Conceição da Quinta do Pinheiro, sobre a Praça de Mompilher. 

Esta capela foi construída na antiga Quinta do Pinheiro de João António Monteiro de Azevedo, que ficava no sítio dos Laranjais, estava, em meados do séc. XIX, em completo abandono. A quinta estendia-se até á actual Praça da República. Em 1789 começou a construção de um rico palacete onde, desde 1882, funcionou a Escola Académica do Porto.

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