terça-feira, 30 de setembro de 2014

3.11.09 - OUTRAS CAPELAS - IV

Capela de Nossa Senhora da Boa Hora de Fradelos



 Capela de Fradelos original. O primeiro desenho, de 1880, é anterior aos outros, pois este já apresentam um acrescento à esquerda, talvez uma sacristia. 

Historicamente data de 1283 a mais antiga referência a este lugar. Naquela época, Fradelos, então considerado como um arrabalde do Porto, era um lugar muito acidentado e pedregoso, repleto de terras férteis por entre as quais corria um pequeno ribeiro, o chamado Rio de Fradelos, que ia desaguar um pouco mais à frente, no Rio da Vila, junto da Porta dos Carros, ou seja, na actual Praça de Almeida Garrett.
Fradelos confrontava a Norte, com o alto monte de Santo António do Bonjardim, uma enorme pedreira que foi totalmente arrasada aquando da abertura da rua de Gonçalo Cristóvão.
(Aí existia uma fonte) em cujo frontispício figurava a imagem de Nossa Senhora da Boa Hora … e um hospício de monges beneditinos, e daqui a razão de ser do nome de fradelos ou fradinhos… (esta fonte) ficava situada à beira do caminho, muito próximo da rua e em local demasiado baixo, motivo pelo qual a imagem de Nossa Senhora da Boa Hora, “era facilmente exposta a várias indecências":
É assim que, não contentes com esta revoltante realidade, e no sentido de evitarem tais “indecências” os devotos de Nossa Senhora da Boa Hora (padroeira dos doentes e moribundos), entenderam ser necessário e urgente construir uma pequena ermida na qual com a “desejada decência” a imagem de Nossa Senhora continuasse a ser venerada e objecto de culto. Foi inaugurada em 19 de Agosto de 1804… A 3 de Setembro foi fundada a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Hora, que recebeu o título de "Irmandade Pia".
NB. A Irmandade foi fundada no mesmo dia da inauguração da capela, 1/8/1804.



Capela actual, já na Rua Guedes de Azevedo, antes de 1929 pois ainda não tem azulejos na frontaria - já não apresenta a cruz cimeira e os dois balões de pedra sobre as laterais - a torre estava ao lado do corpo principal e agora ao centro.


"Mais tarde, já no decorrer de 1877; numa altura em que prosseguiam as obras de continuação do troço da Rua de Sá da Bandeira até à Rua Formosa, a Capela viria a ser removida do seu local primitivo, junto da Fonte de Fradelos, para o lugar onde se encontra nos dias de hoje… A nova capela, para a qual muito contribuiu o capitalista João Guedes de Azevedo, foi inaugurada pelo bispo do Porto, a 9 de Julho de 1893. É uma construção rectangular de uma só nave, de arquitectura religiosa neoclássica... 



Os azulejos exteriores e os 2 painéis colocados por baixo do coro não são de Jorge Colaço. Foram feitos na Fábrica do Carvalhinho em 1929. Os restantes interiores são de Jorge Colaço, de 1931.
A capela tem 3 sinos; um de 1823, com o nome da irmandade gravado, outro de 1830 e, o maior, veio do Convento das Carmelitas (?) e tem a data de 1539. 



"O retábulo-mor, em talha dourada, embelezado por uma tela central onde figura a imagem de Nossa Senhora da Boa Hora. Um lambril de azulejos, da autoria de Jorge Colaço. O corpo central que nos mostra: as paredes, revestidas de lambril de cantaria e encimado por azulejos, igualmente de Jorge Colaço, com particular destaque para os (10) painéis onde figuram os passos da vida de Santa Teresa de Jesus; (4) retábulos de talha branca e dourada, encimados por tribunas; (2) púlpitos, de forma quadrada, também eles guarnecidos de talha branca e dourada, e um arco triunfal, de volta perfeita, com sanefa de talha".
Muitos turistas franceses ficam admirados por encontrarem, no Porto, referências tão pormenorizadas a Santa Teresinha, como não encontram em França.


“Mas foi na capela-Mor que (Jorge Colaço) esteve melhor ao nível da originalidade e criação com painéis monumentais. Na painel do Evangelho (1931), a composição de movimento circular, com figuras e episódios históricos: no alto a Padroeira, a medianeira de todas as Graças, a rainha das missões; em baixo, Santa Teresinha, com o atributo da grinalda de rosas (canonizada em 1925) proclamada pelo Papa Pio XI, a 14/12/1927, co-padroeira universal das missões com S. Francisco Xavier, que aparece a seu lado. Acompanha-os um povo aventureiro e evangelizador, carregado de História, apresentado pelo Infante D. Henrique, o Condestável D. Nuno Álvares Pereira,  que em 1423 ingressaria na Ordem do Carmo. Nobres soldados, poetas, povo anónimo, simbolizado na Torre de Belém, nos versos dos Lusíadas, na esfera armilar”. 


"Encerrando o programa iconográfico, do lado do Altar, nada melhor que uma imagem emblemática que simbolizasse o ideal supremo de Santa Teresinha: “Viver de amor…é considerar a cruz como um tesouro… uma composição piramidal assinalada pelo vértice de uma pirâmide de Luz”. In Paula Lage, C. M. P.


Visitando, há anos, esta capela vi, a meio da nave do lado direito e por baixo do púlpito, o mais humilde dos altares, com a imagem de Santa Teresinha do Menino Jesus. Quando em 1934 meu avô Augusto Cunha comprou a quinta de Marnel na freguesia de Bitarães (Paredes) existia uma velha casa que tinha uma pequena capela particular. Como desejasse reconstruí-la e torna-la casa de lavoura ofereceu o altar à Capela de Fradelos, quando era lá reitor o seu grande amigo Padre Matos Soares. Visivelmente este altar é completamente diferente do estilo dos outros 4.

Capela dos Três Reis Magos




Capela dos 3 Reis Magos – ficava na rua do mesmo nome, atrás dos antigos Paços do Concelho. Pensa-se que foi construída em 1738/39 e foi desmontada em 1915 aquando da construção da Avenida dos Aliados. 
Era uma capela particular de Inácio Leite Pereira de Almada, que a vendeu, juntamente com o palacete, à Câmara do Porto. Nos dias de vereação era lá celebrada missa. 


Foi reconstruída pedra por pedra na freguesia da Pocariça (Cantanhede). Nesta capela estava a imagem de S. Sebastião, que tinha estado no nicho da porta com este nome, na cerca velha, bem como a de S. Jorge, que veio da Igreja da Graça (Colégio dos Órfãos) em 1903 e a de Nossa Senhora da Natividade, que estava na fonte da Natividade, na Praça de D. Pedro… 


…e a de S. Marçal, padroeiro dos bombeiros, que agora se encontra no quartel do Batalhão de Sapadores Bombeiros.

Capela das Almas ou de Santa Catarina


A Capela da Almas ou Capela de Santa Catarina é uma construção do início do século XVIII, que tem como característica o exterior revestido de azulejos de Eduardo Leite, executados em 1929, pela Fábrica de Cerâmica Viúva Lamego. Este azulejos representam cenas da vida de São Francisco de Assis e de Santa Catarina, virgem egípcia de sangue real, martirizada no Monte Sinai. Interiormente de destacar o painel do altar mor, o painel de Joaquim Rafael, que representa a Ascensão do Senhor, o vitral da fachada e também a imagem de Nossa Senhora das Almas. A capela tem dois corpos, sendo o segundo mais baixo, e sofreu obras de ampliação e restauro que modificaram o estilo original, em 1801. A imagem de Nossa Senhora das Almas é ainda do séc. XVIII.


O altar-mor e os altares da nave são de estilo neo-clássico. Estes são dedicados a S. João e a Nossa Senhora da Conceição, à esquerda, e a Nossa Senhora de Fátima, Sagrado Coração de Jesus e Nossa Senhora das Dores, à direita. 
O painel do altar-mor representa a Ascenção do Senhor. Em plinto, junto ao altar-mor, a imagem do Senhor Ressuscitado.

Fotos

Vídeos You Tube sobre esta capela

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