terça-feira, 9 de setembro de 2014

ORDENS TERCEIRAS, IRMANDADES E CONFRARIAS - III

3.11.08.03 – Ordem Terceira de S. Domingos, depois da Santíssima Trindade



A Ordem Terceira de S. Domingos foi instituída em 13/2/1676 no antigo Mosteiro de S. Domingos, onde os irmãos se serviam da Capela do Espírito Santo. 
Porém, tendo aumentado muito o número dos irmãos e de bens decidiram construir uma capela própria. Os frades cederam o terreno com a condição de receberem 2500 reis por ano. 
Foi desenhada pelo padre Pantaleão Rocha e a primeira pedra colocada em Dezembro de 1683, pelo bispo D. João de Sousa. A primeira missa foi rezada em 7/1/1685. Esta capela foi destruída por um incêndio. (De um artigo de Eugénio Andrea da Cunha Freitas).


“Cedo começaram as desavenças com os frades e, por esse motivo, ou porque a capela já fosse acanhada, o certo é que os Terceiros resolveram edificar novo templo. 
Em 1713 compraram 3 casas na boca na Ferraria Nova; a Câmara e os dominicanos cederam mais chão. 
O bispo D. Tomaz de Almeida lançou a primeira pedra em 1723 e as obras estavam concluídas em 1740. 
Conhece-se o traçado da frontaria desta desaparecida capela – demolida para a abertura para a Rua Ferreira Borges – pelo desenho de Villanova”. In O Tripeiro, Série VI, Ano II
Quando em 1835 os liberais pretenderam abrir a Rua Ferreira Borges decidiram destruir a Capela dos Terceiros de S. Domingos. Porém, receando a violenta oposição do povo, fizeram-no de noite. Na manhã seguinte os vizinhos ficaram surpreendidos, mas parte da frontaria já estava destruída...


“”Da capela-mor encontram-se, justamente, os principais elementos: a planta e o alçado da reforma setecentista. Subscreve-os um monge-arquitecto pertencente à Ordem Carmelitana: Frei Pedro da Conceição. 
O Desenho da planta tem esta indicação exacta, de obstrusa ortografia, lançada pelo punho do autor: Planta Do emligimtº Da Capella mor e trebuna da igr.ª De S. Dominguos Da Cidade do Porto e mostra tambem as 2 capellas colaterais e o mais que nella se ve feita oje 6 Dez.bro De 1733 Annos. Fr. Pedro Da Conceipção Carm.ta.”” 
"O desenho colorido a castanho, azul, vermelho e amarelo, está feito em vulgar folha de papel almaço e ocupa metade dela. Apresenta as indicações das dependências, Capella-Mor, Caza junto A Sanchristia, Côro, etc e tem a escala em palmos. Nada indica da parte antiga que teve se ser demolida (capela axial e colaterais), - o que pena é -, representando unicamente a obra reconstrutiva.
Esta planta de elegimento tem como complementar outra, respeitante à parte baixa da tribuna, com esta legenda: “”Planta Da loge Da trebuna e tambem mostra o Chôro e o Começo Da escada Da trebuna””.
A planta da nova obra evidencia bem a amplidão da capela-mor, aumentada especialmente em profundidade, e o sacrifício quase total das capelas laterais reduzidas a espaços restritamente necessários para os altares.
A cabeceira da igreja de S. Domingos, dotada de capela axial e absidíolos, era de semelhanças arquitectónicas com a do templo dos franciscanos, sendo bem de lamentar a reforma radical de 1734, no gosto insulso da época, da qual nos ficou a planta, hoje trazida a lume, do arquitecto carmelita Fr. Pedro da Conceição"…


Houve, porém, graves dissensões entre os irmãos e os frades, a tal ponto que em 1755, Bento XIV, dissolveu com a Ordem Terceira de S. Domingos, tendo-a passado para o clero ordinário. A Igreja foi entregue ao Convento, tendo os irmãos levado consigo todos os fundos, móveis e alfaias, mas com a condição de saírem de perto do convento.


Logo em 14/5/1755, o mesmo papa Bento XIV instituiu a Ordem da Santíssima Trindade, que incluía parte dos irmãos da ordem dissolvida e seus bens.
Um mês depois, já com o nome de Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade, era reinstituída pelos seus confrades passando a ter a sua sede na Igreja de Nossa Senhora da Batalha, onde estiveram até 1786…


…tendo-se mudado, para a Capela do Calvário Novo, situada na Cordoaria, ao lado do Hospício dos frades Antoninos do Vale da Piedade, mais tarde Roda dos Expostos. 
A vizinhança dos frades, que pretendiam apossar-se da capela, era conflituosa.


Igreja da Trindade – Joaquim Villanova - 1833


Assim, em 1802, compraram um terreno no Largo do Laranjal com a finalidade de aí construírem uma grande igreja e hospital. Iniciaram o culto numa capela provisória, em 1804.



Igreja da Celestial Ordem Terceira da Santíssima Trindade - Projecto do Engº. Carlos Amarante - ainda existia a Travessa da Doida e o morro, mais tarde destruídos.


A Igreja da Trindade via-se da Praça da Liberdade antes da construção da nova C. M. do Porto – pena foi esta não ter sido construída do lado esquerdo da avenida, como esteve previsto – políticas!


Igreja e hospital quando da construção da C. M. Porto – de notar a grande diferença dos arredores da câmara, ainda sem o Palácio dos Correios e outras obras.




Transepto esquerdo




Só em 5/6/1841, com a nave da igreja terminada, foi benzido o templo. A torre foi inaugurada em 1848 e a primeira pedra da Capela Mor foi lançada , pelo Conde de Ferreira, em 1852. 

Dadas as graves dificuldades financeiras, e os terrívieis tempos dos anos 20 a 40 do séc. XIX, as obras tiveram importantes interrupções. Porém os portuenses organizaram inúmeras festas e espectáculos, de teatro e ópera, a favor das obras. Aqui e no Brasil se organizaram comissões de angariação de fundos. 
Em 1852, embora ainda modestamente apetrechado, fundou-se o hospital. 
Não se poderá esquecer a grande ajuda do Conde da Trindade e do Conde de Ferreira que, com trabalhos e ofertas deram um grande impulso às obras. 
Em 1892, finalmente, foram dados por terminados o hospital e a Igreja.


Largo da Trindade – Foto Domingos Alvão – no palacete de D. Antónia Adelaide Ferreira, a “Ferreirinha”, nasceu a Assembleia Portuense em 1834. Após a saída desta assembleia, em 1857, esta casa recebeu o Clube Portuense.





Destruição e alargamento da Travessa da Doida e respectivo morro no lado poente da Ordem da Trindade.

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