segunda-feira, 27 de julho de 2015

GOVERNO POLÍTICO - VII

5 . 4 - Governo Político - VII

Estrada da Circunvalação


Mapa da Estrada da Circunvalação

“O Porto está cercado, em grande parte (excepto na parte oriental) por uma estrada dupla, a Estrada da Circunvalação (N12). Esta estrada tem uma origem e traçado militar: a placa central era originalmente um fosso, com 2 a 3 metros de profundidade, e com postos de sentinela a cada 150 metros.
Construída entre 1889 e 1896, servia como barreira alfandegária, para taxação dos bens de consumo que entravam no Porto. Existiam ao longo dela, nas estradas de acesso à cidade, 13 edifícios onde os funcionários da Coroa, do Bispado e do Município estavam instalados e cobravam as taxas. Apenas 7 existem hoje, pois todas foram vendidas ou demolidas após a extinção, em 1922, do "Real de Água", imposto real que se destinava a financiar as obras de abastecimento de água às cidades. O Real de Água é um Imposto de consumo sobre a carne, bebidas alcoólicas e fermentadas, arroz descascado, vinagre e azeite de oliveira expostos à venda. Este imposto primitivamente foi lançado exclusivamente sobre o vinho, e depois sobre a carne, vinho, etc., e, sendo este tributo de um real por cada canada, arrátel ou outra unidade, com destino ao arranjo de canos, fontes, aquedutos, para abastecimento de água das povoações, se ficou chamando real de água”…


Início da estrada da Circunvalação junto à praia de Matosinhos

Subindo a Circunvalação passa-se no Parque da Cidade 


Antiga barreira de cobrança de impostos sobre as mercadorias que entravam na cidade. Havia vários de que bem nos lembramos. Hoje é o Teatro da Vilarinha. Fica no final da rua do mesmo nome. 

“…Em 1943 findou então um sistema tributário com cerca de 800 anos, progressivamente substituído por um tipo de imposto que se vai vulgarizando universalmente: o IVA. Aqueles edifícios são as testemunhas silenciosas desse período”…


Barreira na Rua da Preciosa


Estrada da Circunvalação na zona do Monte dos Burgos


Barreira junto da Rua de Vila Cova


Fábrica de Fiação e Tecidos da Areosa – a Circunvalação passa à esquerda – 1907


Posto de cobrança de impostos e de polícia à entrada da ponte Luis I



Fichas de passagem na Ponte Luis I, que se compravam à entrada e entregavam na saída.


Guardas das barreiras - 1905

“…Ficou portanto, a cobrança do imposto municipal, em 1897, a fazer-se as seguintes barreiras de fiscalização do Estado: Esteiro, Freixo, Campanhã, São Roque, Rebordões, Areosa, Azenha, Amial, Monte dos Burgos, Senhora da Hora, Pereiró, Vilarinha e Castelo do Queijo. No que respeita à linha marginal, havia ainda os seguintes postos: Cantareira, Ouro, Massarelos, Banhos, Ribeira, Ponte inferior, ponte superior, Guindais e Pinheiro…” In O Tripeiro, Série VI, Ano XI

A partir de 1943 ficaram somente os seguintes locais das barreiras: Amial, Monte dos Burgos, Areosa, Rio Tinto, Freixo, Vilarinha e Castelo do Queijo. Nos anos da Segunda Guerra Mundial, recordámo-nos, a polícia mandava parar os carros e revistava-os para verificar se transportavam mercadorias proibidas de circular, em especial o vinho. Mais tarde era o local onde a polícia de trânsito verificava documentos dos automóveis e motoristas.


Transporte de pão de Valongo




Esteios de granito


Aluguer de carruagens em S. Lázaro


Inicialmente circulavam e entravam no Porto, pelas barreiras da circunvalação, peões, burros, carros de bois, carruagens puxadas a cavalos ou mulas, carroções….



…e o carro americano Ripert que servia a linha de S. Mamede. Este carro foi queimado pelo povo de S. Mamede em 20/2/1910, quando lá chegou o eléctrico.


Pagnard e Levassor - foto Aurélio Paz dos Reis - 1900


1923

Porém, desde o fim do séc. XIX já aí circulavam também automóveis. Até meados do séc. XX o movimento era muito pouco (e logo começaram os acidentes), mas actualmente é uma estrada que tem grandes engarrafamentos sobretudo de manhã cedo e ao fim da tarde.
Ouvimos, há tempos, o Dr. Júlio Machado Vaz contar, num programa da Antena 1, que, na sua juventude, jogava futebol na circunvalação. Quando um carro se aproximava paravam e recomeçavam de seguida. Isto deve ter-se passado em fins de 50 ou mesmo 60 do passado século.


Circuito da Boavista - 1950


Felice Bonetto descendo a Circunvalação durante o 1º Circuito Internacional do Porto, que venceu - 1950 


Ferrari de José Nogueira Pinto no III G. P. da Portugal – 1953

Nos anos 50 disputaram-se várias corridas de automóveis que passavam pela circunvalação. Já tratamos destas corridas nos nossos lançamentos de 20 e 24/1/2014.

Excelente vídeo do Porto visto do céu – Helder Afonso

2 comentários:

  1. Olá
    Foi bom ler este post e trazer à memória alguns factos que ainda presenciei.
    Relativamente a este excerto do texto «...a placa central era originalmente um fosso, com 2 a 3 metros de profundidade, e com postos de sentinela a cada 150 metros»....pena mesmo que as obras de melhoramento tenham destruído alguns «postos de sentinela». Ainda cheguei a ver alguns na zona abaixo da Areosa junto ao antigo Bairro de S. João de Deus.
    Cumprs
    Augusto

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  2. Também nós, quando vínhamos da quinta, fomos muitas vezes inspeccionados, pois era difícil entrar na cidade com víveres e outras coisas.
    Nessa altura entrávamos por Rio Tinto,
    Cumprimentos
    Maria José e Rui

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