quinta-feira, 1 de setembro de 2016

ARTES E OFÍCIOS - X

6.24.10 - Artes e Ofícios  - Escultores, esculturas - I


Vímara Peres – escultor Salvador Barata Feyo – 1968

Vímara Peres (Corunha, Galiza, c. 820 – Guimarães, 873) foi um senhor da guerra cristão da segunda metade do século IX do Noroeste da Península Ibérica. Nascido na Galiza, vassalo de Afonso III foi enviado a reclamar o vale do Douro, em tempos remotos integrado na província romana da Galécia.
Foi um dos responsáveis pela repovoação da linha entre o Minho e Douro e, auxiliado por cavaleiros da região, pela acção de presúria do burgo de Portucale (Porto), que foi assim definitivamente conquistado aos muçulmanos no ano de 868.
Nesse mesmo ano, tornou-se o primeiro conde de Portucale.
Vímara Peres foi também o fundador de um pequeno burgo fortificado nas proximidades de Braga, Vimaranis (derivado do seu próprio nome), que com o correr dos tempos, por evolução fonética, se tornou na moderna Guimarães, tendo sido o principal centro governativo do Condado Portucalense quando da chegada do conde D. Henrique.
Faleceu em Guimarães, em 873. O seu filho, Lucídio Vimaranes (etimologicamente, «filho de Vímara»), sucedeu-lhe à frente dos destinos do condado, instituindo-se assim uma dinastia condal que governaria a região até 1071.

Salvador Carvão da Silva d'Eça Barata Feyo (Moçâmedes, 5 de Dezembro de 1899 — 31 de Janeiro de 1990) foi um escultor e professor português.

até 1915.


Local primitivo da Estátua do Porto – sobre a frontaria da Câmara Municipal, na Praça D. Pedro –   19/8/1818 a 1915 - Custou 343$200 reis. 

"Em 1818 a vereação municipal encomendou ao mestre pedreiro João da Silva uma «figura em pedra representando o Porto, para ser prostrada no cume da casa do Passo do Concelho sito na Praça Nova», no antigo Palácio Moreira Pereira. Torna-se evidente portanto que a dita antiga estátua adquirira o valor simbólico de representação da cidade, como se deduz da nota de encomenda de uma sua nova versão. A estátua do Pôrto ali permaneceu, encimando os Passos do Concelho durante quase 100 anos, até 1916 quando se deu início à demolição do edifício para abertura da actual avenida dos Aliados, tendo a Câmara sido transferida pouco antes para o Palácio Episcopal, junto à Sé Catedral. 
Depois de apeada de cima do edifício da Câmara Municipal, repousou largos ano no jardim do Largo Actor Dias, junto ao Governo Civil. Mais tarde foi enviada para os Jardins do Palácio de Cristal. E finalmente o arquitecto Fernando Távora, em má hora, lembrou-se de dali a retirar e colocá-la «de castigo» junto à Sé". Gabriel Silva


Descida do local acima em 1915 e colocada…


…em frente da C. M. quando esta tomou conta do Paço Episcopal, até 1935, fazendo o ofício de "porteiro".


No Palácio de Cristal – desde 1935 esteve na Avenida das Tílias donde passou para o jardim do Largo Arnaldo Gama, perto da Muralha Fernandina. Voltou para o Palácio de Cristal sobre o jardim do Roseiral.


Colocada, vergonhosamente, virada de costas para a cidade junto da recuperação da Câmara Medieval.


Finalmente foi trazida, em 2013, para o seu devido lugar, a Praça da Liberdade, onde “nasceu” e “viveu” quase 100 anos - Foto de Miguel Oliveira 

Já vem de 1293 a existência de uma estátua “Porto” ou “Pedra do Porto” que estava na Rua das Eiras e, segundo o Dr. Artur de Magalhães Basto terá passado, em 1503, para a Rua Francisca, perto dos Açougues. Sousa Reis refere-se-lhe da forma seguinte “…e sobre uma pardieira se levantava em meio relevo e muito mal trabalhado e até monstruoso homem feito de pedra…e numa mão tinha uma haste, talvez figurando a lança de um guerreiro; a esta figura chamavam O Porto”. Desconhece-se onde este Porto Velho foi parar. É possível que a estátua Porto, hoje colocada, depois de muitas bolandas, na Praça da Liberdade tenha sido baseada, pelos seus autores, nesse Porto Velho. 
Envolvida em polémica está a autoria estátua do Porto, de 1815. Porém, parece ter ficado definitivamente aceite que tenha sido o Mestre João da Silva. 
A estátua do Porto esteve cerca de 100 anos na frontaria da C. M. do Porto, até 1915. Demolida que foi a C. M. Porto da Praça D. Pedro, para a abertura da Avenida dos Aliados, esta estátua foi sucessivamente deslocada para vários locais. 
Primeiro para o Largo da Sé, quando em 1916 a C. M. Porto passou para o Paço Episcopal. Daqui passou para a Avenida das Tílias no Palácio de Cristal; mudada para o Largo Arnaldo Gama, na parte exterior da Muralha Fernandina, onde existiu a Porta do Sol; foi depois “despachada” de novo para o Palácio de Cristal, a “olhar” o Roseiral. Há uns anos foi posta de castigo atrás da falsa torre da Casa dos Vinte e Quatro, virada de costas para a cidade que a deveria apreciar. Já em 2013 regressou à Praça da Liberdade, local para onde foi criada. Esperemos que agora aí fique para sempre. 
Germano Silva, em seu livro “Caminhos e Memórias” descreve-a da seguinte forma: “Há na estátua um pormenor para o qual pretendemos chamar à atenção do leitor por estas coisas do passado. Referimo-nos ao escudo que a figura segura na mão esquerda. Nele está gravado um brasão de armas da cidade que Armando de Matos, um especialista da matéria, considerou deveras curioso e diz porquê: “…primeiramente tem a incorrecção do elmo e timbre num brasão de domínio; em segundo lugar… não o encontro senão desta data (1802) em diante. E a notícia de que estas armas eram as do antigo Condado Portucalense não tem a menor consistência histórica…”. Outra curiosidade está nas roupagens e nos adereços. Alberto Pimentel escreveu que “a clâmide”, a lança e o escudo são gregos; o saio de correias e as grevas são romanos; o capacete não é grego nem romano, antes será um elmo de cimeira datando dos fins da idade média ou princípios da Renascença”. 

José Fiacre informou-nos que o povo lhe chamava"O Malhão" e cantava a quadra: 
“O Malhão da Praça nova 
tem uma lança na mão 
para matar os traidores 
que são falsos à Nação…” 


Praça da Batalha - 1913


D. Pedro V – Teixeira Lopes (pai) 1866


O Desterrado - Soares dos Reis – 1872-1874

“António Soares dos Reis (V. N. Gaia 1847-1889) frequentou com distinção a Academia Portuense de Belas-Artes, entre 1861-66. 
Em 1867 fez o concurso para pensionista no estrangeiro com o busto de Firmino e o baixo-relevo Mercúrio adormecendo Argos. Em Paris ingressou no atelier de Mr. Jouffroy como preparação para ser admitido na exigente École Impériale des Beaux-Arts. A obra Negro sobre uma placa marca o ingresso do jovem bolseiro nesse estabelecimento de ensino, que frequentou entre 1869-70. 
Nesse ano regressou a Portugal devido à guerra franco-prussiana, e no nosso País recebeu as primeiras encomendas, como o baixo-relevo Carro de Apolo. No ano seguinte partiu para Roma no sentido de concluir o pensionato em Escultura e instalou-se no Instituto de Santo António dos Portugueses. Aí realizou o Desterrado (1872) como prova final do pensionato no estrangeiro, pelo qual foi nomeado Académico de Mérito da Academia Portuense de Belas-Artes. 
No Porto, entre 1873-75, instalou-se no seu primeiro atelier, na Rua das Malmerendas. Foi a partir daí que se projectou no meio social com os mármores Cabeça de Negro e Saudade, assim como O Artista na Infância, que realizou para a duquesa de Palmela, em Lisboa. 
Entretanto a encomenda de uma Nossa Senhora da Vitória em madeira policromada, para a igreja da mesma invocação no Porto, foi mal acolhida pelo pároco que mandou fazer alterações irreversíveis à imagem. (sobre este assunto ver Igreja da Victoria)
A partir de 1876 Soares dos Reis vai residir numa casa-atelier em Vila Nova de Gaia. Nesse ano recebe uma medalha de prata na exposição da Sociedade Promotora de Belas Artes, em Lisboa. 
Entre 1876-77 vai realizar a sua primeira obra de escultura monumental, a Estátua do Conde de Ferreira em mármore, destinada ao cemitério de Agramonte, no Porto. 
Aos 31 anos de idade o escultor projecta-se no exterior ao receber uma menção honrosa na Exposição Universal de Paris de 1878 pelo seu Artista na Infância e o Busto de Almeida Ribeiro. 
Em 1880 Soares dos Reis e o pintor Marques de Oliveira dirigem o Centro Artístico Portuense, onde incentivam o estudo do modelo vivo e a estética. No ano imediato a Flor Agreste, retrato de uma adolescente em mármore, é exposta no Palácio de Cristal na 1ª Exposição-Bazar do Centro Artístico. 
Soares dos Reis está no auge nesse ano de 1881. Recebeu a medalha de ouro na Exposição de Belas Artes de Madrid com o seu nostálgico Desterrado. Também nessa época foi admitido como professor de escultura da Academia Portuense de Belas Artes, com as provas de concurso de Narciso e o baixo-relevo Morte de Adónis. 
Entre 1883-84 prossegue a sua carreira de retratista, com encomendas principalmente ligadas a figuras da política e da alta burguesia portuense. 
Em 1885 casa com Amélia de Macedo com quem vai residir na rua do Agueiro em Gaia. Nesta fase o escultor manifestava sinais de debilidade física e psíquica, estado que resultava de várias causas como a recusa de alguns retratos e a falta de reconhecimento oficial do Projecto de Reforma e Regulamento do curso de Escultura apresentado pelo mestre à Academia de Belas-Artes. 
Mas no topo da carreira do estatuário estiveram a realização da Estátua de Brotero, destinado ao Jardim Botânico de Coimbra, e a inauguração do Monumento a D. Afonso Henriques em Guimarães, em 1887. 
A rejeição do Busto da inglesa Mrs. Leech certamente contribuiu para o agravamento do estado de saúde do escultor, que não conseguia suportar as condições adversas que se interpunham no seu trabalho. No dia 16 Fevereiro de 1889 Soares dos Reis suicidou-se em casa com dois tiros de revólver. Foi sepultado no cemitério da Igreja de Mafamude em Gaia. 
A presença no museu de muitas obras de Soares dos Reis resulta em grande parte das remessas de estudante, de ofertas do autor e da família (viúva e filha) à antiga Academia Portuense. Muitos originais foram passados a bronze em 1921 tornando substancial a colecção de obras reunidas. 
A grande exposição A Obra de Soares dos Reis, no âmbito das Comemorações Nacionais de 1940, assinalou a instalação do Museu, de que o escultor é patrono, no Palácio dos Carrancas”. Site do Museu Nacional Soares dos Reis.


D. Manuel II lançando a primeira pedra do monumento à Guerra Peninsular – 1909


A Guerra Peninsular foi a que uniu os portugueses e os ingleses contra os exércitos de França, de Napoleão Bonaparte, na Península Ibérica, no período de 1808 a 1814. No centro da Praça de Mouzinho de Albuquerque, ergue-se este monumento comemorativo. Da autoria do arquitecto Marques da Silva e do escultor Alves de Sousa esta obra levou muitos anos a ser concluída. Coube à Cooperativa dos Pedreiros o encargo de o erigir, sendo começado em 1909 e apenas inaugurado em 1951. Dada a morosidade do tempo de construção e a morte do escultor Alves de Sousa, ainda jovem (38 anos), a obra foi concluída sob a direcção dos escultores Henrique Moreira e Sousa Caldas. 
É composto por um pedestal, de 45 metros de altura, rodeado de grupos escultóricos em bronze. Estes, representam cenas de artilharia em movimento, podendo ver-se também soldados ingleses que vieram apoiar Portugal, a intervenção das gentes do povo na luta e o desastre da Ponte das Barcas. 
De notar a presença do elemento feminino em todos os grupos: no da frente, uma mulher, a Vitória, empunha, na mão esquerda, a bandeira nacional e, na direita, uma espada. Na base tem figuras de soldados e cenas de factos ligados às guerras napoleónicas, em relevos esculpidos no granito. 
Duas datas podem ver-se em duas frentes da base da coluna: MDCCCVIII e MDCCCIX. A mensagem que estes números transmitem integra-se no espírito regional da estatuária portuense. Entre 1808 e 1809 a cidade esteve ocupada pelo exército de Soult. Assim sendo, o monumento pretende homenagear os heróis portuenses que resistiram e venceram este general.
 No pedestal, estão apostas as armas da cidade. 
Nos longos anos em que só existia a parte inferior do monumento o povo chamava-lhe o “castiçal” a que ainda faltava a vela!


António Teixeira Lopes


Atelier do escultor Teixeira Lopes - 1910

António Teixeira Lopes nasceu em Gaia em 1866 e morreu em Alijó em 1942. Foi um dos escultores mais importantes da cidade do Porto, com muitas e memoráveis obras. Seu pai também foi um escultor afamado.

Casa Museu Teixeira Lopes


A viúva - 1893


Baco

Caridade - vídeo




Rapto de Ganimedes - Fernandes de Sá – 1910 - Esteve na Praça da República e “voou” para a Cordoaria quando em 2010, no seu lugar, puseram e figura da República.


Homem do Leme - Américo Gomes – Original em gesso na Exposição Colonial - 1934 

 Foi colocada na Avenida Montevideu em 1938, já em bronze.

2 comentários:

  1. Olá
    Algumas histórias de algumas estátuas da Cidade do Porto.
    Obrigado por delas nos terem dado conhecimento
    Cumprs
    Augusto

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  2. Nós é que agradecemos a sua fidelidade ao nosso blogue e à grande amabilidade nos comentários.
    Outras estátuas se seguirão.
    Cumprimentos,
    Maria José e Rui

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