sexta-feira, 4 de outubro de 2013

DIVERTIMENTOS DOS PORTUENSES - XII

3.5.7 - Festas e Romarias - II

Romaria da Senhora da Saúde


Edificada em 1871


Andor de Nossa Senhora da Saúde



“É nas imediações da Capela de Nossa Senhora da Saúde que se realiza a romaria da Senhora da Saúde, no Largo do Campo Lindo. Em tempos antigos, era também neste Largo que se fazia o sermão do Encontro, de uma procissão tradicional da freguesia.
“No dia da festa da Senhora da Saúde pintavam-se e caiavam-se as casas e estreava-se fato, chapéu e sapatos.”- In Hélder Pacheco, “Porto”.
Ainda hoje, as Festas em Honra de Nossa Senhora da Saúde atraem milhares de visitantes de toda a região norte, a licença que autoriza a realização desta grandiosa festa, data do ano de 1887, ano em que adquiriram a categoria de Festas da Cidade, dada a importância que assumiam na altura.
Antigamente os festejos duravam oito dias, com arraial que durava até de madrugada. Esta era a festa mais concorrida, que desde sempre atraiu muitos forasteiros à freguesia, não só da cidade, mas de outras terras das redondezas”. Site da Freguesia de Paranhos.


Festa do Senhor do Padrão e dos Aflitos



foto do blog Lua de Marfim

A sua construção data de 1738, em plena época barroca, e inclui a seguinte legenda: "Louvado seja os tempos de valores virtude lizura ozeas. MDCCXXXVIII 1738". Com esta legenda, existente numa das faces do suporte, o cruzeiro do Senhor do Padrão celebra os viajantes que passam pelo caminho que conduzia para Norte, nomeadamente a Santiago de Compostela.
O cruzeiro do Senhor do Padrão lá permaneceu, testemunho da antiga estrutura viária da zona, mas também de um tipo muito particular de religiosidade de caminhos, datado de época barroca. Na sua aparente ingenuidade, simboliza um dos valores religiosos mais importantes da vivência religiosa exterior, de Setecentos.
Em 2000, foi restaurado pela Câmara Municipal do Porto, tendo-se colocado uma placa comemorativa na base que sustenta a estrutura.
Desde há longa data, no terceiro fim-de-semana de Julho, realizam-se aqui os tradicionais festejos em honra do senhor do Padrão e dos Aflitos.


Festa de Santa Clara do Bonfim




Na primeira semana e Setembro realiza-se a festa de Santa Clara do Bonfim. Esta santa não é a mesma que dá o nome ao convento. Trata-se de uma mártir romana do tempo do Imperador Diocleciano. Tendo sido posta à veneração dos fieis de Roma, em 1777, o portuense José Teixeira, pintor e professor nessa cidade, pediu ao Cardeal Caprara que autorizasse a trasladação o seu corpo para a Igreja do Bonfim, o que lhe foi concedido. Depois de uma longa e muito tormentosa viagem, chegou a esta igreja no princípio de Setembro de 1803. Desde aí realiza-se, com grande devoção dos portuenses, uma festa em honra desta santa, conhecida como a “Santa do Bonfim”. É especial intercessora e protectora dos marinheiros, mães com dores de parto e crianças com problemas de fala.


Festa do Senhor Bom Jesus de Matosinhos


 “É em Matosinhos que podemos contemplar aquela que para muitos é a mais antiga imagem de Cristo crucificado existente em Portugal. Foi no ano 124 que, segundo a lenda, as águas do oceano depositaram na praia desta localidade uma belíssima imagem de Jesus na cruz esculpida, poucos anos antes, por Nicodemos, testemunha privilegiada dos últimos momentos da vida de Cristo. Objecto de fortíssima devoção desde a Idade Média, a imagem do Bom Jesus de Matosinhos embora não seja tão antiga quanto insinua a lenda, não deixa de ser efectivamente, aos olhos dos estudiosos, uma das mais antigas imagens de Cristo crucificado que se podem contemplar no nosso país, datando dos séculos XII/ XIII. É uma imagem que só muito raramente sai do interior da sua igreja, tendo ocorrido em 1944 e 1967 as únicas excepções das últimas décadas. No entanto, em momentos de particular aflição, deslocou-se até ao Porto em procissão e grande fervor religioso. Caso de 1526 na sequência de “apavorantes” calamidades naturais que vinham atingindo a cidade, 1596 e 1644 por ocasião de grandes cheias, ou 1696 por causa de uma “mortífera peste” que enchia os hospitais e “mergulhara a cidade num imenso pavor... 
A verdade (lendária, não nos esqueçamos) é que Nicodemos acaba por lançar as suas imagens ao mar Mediterrâneo, na longínqua Palestina…acabou por ser depositada pelas águas na praia do Espinheiro, junto ao lugar de Matosinhos. Era o dia 3 de Maio do ano 124. Domingo do Espírito Santo ou de Pentecostes. Data móvel do calendário religioso escolhida, de resto, e ainda hoje, para as celebrações, romaria e festas do Senhor de Matosinhos…Recolhida a imagem na praia pela população, constatou‐se, contudo, que lhe faltava um dos braços. E em vão se tenta resolver o problema. Na praia não se encontrou o membro em falta e, por muitos braços que se tenham mandado fazer aos melhores artífices e carpinteiros, nenhum encaixava de forma perfeita no ombro amputado ou, pura e simplesmente, não era similar ao do lado oposto… E assim, resignados, deixam ficar a imagem resguardada no Mosteiro de Bouças (hoje um lugar da cidade de Matosinhos no qual, no entanto, ainda se podem observar alguns vestígios do velho mosteiro e igreja que aí esteve sediada até cerca de 1570 mas cuja existência, contudo, só está historicamente documentada desde o ano 944). Até que... Cinquenta anos depois, no ano 174 (estamos de regresso à lenda, como já repararam), deambulando pela praia, uma pobre mulher recolhe lenha para alimentar a lareira. De regresso a casa observa, estupefacta, que um grande pedaço de madeira teimava em, milagrosamente, saltar do fogo sempre que para ele era lançado. Milagre reforçado pelo facto de ter sido uma jovem filha a indicar à mãe que a lenha em questão era o membro ausente na imagem do Senhor guardado no Mosteiro de Bouças. Facto que em si não encerraria nada de especial não fosse a circunstância de, até aquele momento, a miúda ter sido surda‐muda de nascença... E, de facto, rapidamente aplicado no Crucifixo, de imediato se constatou estar em presença do braço até aí extraviado. E a união ao resto da escultura fez‐se de tal forma que desde aí, apesar de algumas versões da lenda indicarem tratar‐se do esquerdo, nunca mais se conseguiu distinguir qual dos membros da imagem sofrera as vicissitudes narradas. Começava desta forma a veneração desta imagem que, desde muito cedo, fez rumar a Bouças e, posteriormente, a Matosinhos inúmeros peregrinos fascinados com a fama crescente dos seus milagres que, desde então, não deixaram de se multiplicar. Tanto que em 1342 a sua fama já era suficiente para motivar que gente de outros reinos se deslocasse em peregrinação até “ao croçessiço de Ssan Salvador de Bouças”. 
Embora a imagem não possua a ancestralidade que a lenda lhe atribui, não deixa de ser, nas palavras do estudioso Pinto Ferreira, “sem dúvida, uma das mais impressionantes, mais belas e possivelmente a mais antiga existente em Portugal”. Este autor, à semelhança de vários outros investigadores, não tem dúvidas em a colocar entre o grupo das mais antigas existentes em toda a Península Ibérica datando‐ a dos finais do século XII ou princípios do XIII.” Texto C. M. Matosinhos/Joel Cleto 

Texto completo da C. M. de Matosinhos/ Joel Cleto 
http://www.cm matosinhos.pt/uploads/document/file/4866/Apresenta__o_da_imagem_do_Senhor_de_Matosinhos.pdf



A Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos foi construída no séc. XVI pela Universidade de Coimbra que possuía o padroado do “Sam Salvador de Bouças” e sob a direcção de João de Ruão. Desta igreja não existe quase nada, pois a partir de 1743 sofreu grandes obras, dirigidas pelo grande Nicolau Nasoni. Todo o interior foi modificado e a fachada barroca transformou-a numa das mais belas igrejas portuguesas. Também a sua talha é uma das mais belas de Portugal. Tem um amplo adro no qual estão seis capelas ligadas à paixão de Jesus Cristo.



A festa teve início em 1733 e, ainda hoje é uma das maiores romarias portuguesas. No sábado anterior à festa a Igreja do Bom Jesus de Matosinhos é maravilhosamente decorada com flores. É uma verdadeira obra de arte floral que nos enche os olhos de beleza.
Tem um sentido católico muito forte, desde a Novena à Terça-feira do Espírito Santo, mas também é ocasião de muitos divertimentos, venda de doçarias da região norte, de louças de todos os estilos, artesanato, fogo de artifício, etc. 


Gravura de louvor pela derrota dos franceses quando das suas invasões.
Legenda: 

“Senhor de Matosinhos que Vos dignaste excluir já três vezes do nosso País o Inimigo declarado de nossa felicidade, sede Nosso Amigo sempre contra este Perseguidor astuto do género Humano, fazei ver mil vezes a todo Mundo que só Vós sois Senhor dos Exércitos e das Victórias para glória do Vosso Poder e benefício dos Portugueses que têm sido objecto particular das Vossas Misericórdias”.

Senhor de Matosinhos – vídeos
Horizontes da Memória – José Hermano Saraiva



Reportagem antiga de um baile dos romeiros, picnic, vendedor e jogo de bola num pinhal.






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