segunda-feira, 14 de outubro de 2013

DIVERTIMENTOS DOS PORTUENSES - XIV

3.5.8 - Foz do Douro e praias - II


Cais do Ouro – descarga de carvão e madeiras para a central eléctrica, que se vê ao fundo. Em cima à esquerda, a Capela de Santa Catarina.


Cais do Ouro


Banho em frente ao cais do Ouro – foto Aurélio Paz dos Reis


Largo António Calem – em cima a Capela de Santa Catarina.


A Ribeira da Granja desagua no Ouro


Monumento aos portuenses que construíram, aparelharam e a aprovisionaram uma armada para a conquista de Ceuta por ordem do Infante D. Henrique. Escultor Lagoa Henriques – 1960. Tem a seguinte inscrição:

FROTA DO INFANTE
CEUTA 1415
Á GREI 
Que lhe deu navios
Provisões e nela embarcou
Porto 1960


Em frente ao Largo António Calém encontra-se a Ilha do Frade.

 Mas por que razão, desde o séc. XIX esta ilhota tem o estranho nome de “Frade”?
Comecemos por informar que em meados do referido século, e até bem mais tarde, a ilha estava muito mais distanciada da margem, pois o jardim António Calem e a marginal foram conquistadas ao rio por grande aterro. 
Em O Tripeiro, de 1/5/1919, José de S. João Novo, conta-nos a história dessa designação. Passou-se no seu tempo de jovem e conheceu pessoalmente o “frade” em questão.
O Mosteiro de Santo António do Vale da Piedade, em Gaia, mais ou menos em frente da Alfândega, dava emprego na portaria a um jovem leigo que, por força do seu mister, era obrigado a usar, durante as horas de trabalho, o hábito franciscano. Mas, talvez por preguiça ou habituação, não o costumava mudar nas horas livres.
Acontece que, frequentemente, uma bela moçoila de Lordelo ia ao convento fazer recados e o porteiro dela se embeiçou. Cheio de coragem, certo dia, depois de lhe explicar que era leigo e não frade, decidiu falar-lhe no seu sentimento e propor-lhe que preparassem os papeis para o casamento, mas que entretanto poderiam viver maritalmente, pois a sua paixão não permitia grandes demoras. Ela não recusou tal proposta, mas na verdade já tinha namorado certo. 
Uma tarde, à saída do convento, alguém se aproximou do apaixonado dizendo vir de mando da pretendida e que na madrugada seguinte, bem cedo, ele estivesse perto do rio que um barco o viria buscar para um encontro romântico. Em grande ansiedade, divisou a aproximação de um barco, saído do espesso nevoeiro e, sem trocar palavra com o remador, embarcou e começaram a descer o rio. A certa altura o barco estacou em terra e, após o desembarque aquele afastou-se. Andando pouca distância é com espanto que encontra novamente água, sucedendo o mesmo por todos os lados. Só quando o Sol raiou e o nevoeiro se dissipou o infeliz descobriu que estava numa ilha, no meio do rio Douro. Compreendendo a armadilha que lhe tinham preparado, aos berros, pediu a um pescador que o levasse para terra. Obviamente o "mudo" tripulante era o namorado da “bela amada”.
Segundo o autor este porteiro passou para hortelão do convento onde trabalhou ainda muitos anos. 

Esta história deu brado na zona do Ouro e o povo passou a chamar a “Ilha do Frade”. 


Vapor Veloz, ainda movido por roda exterior – bela foto da Cantareira tirada do cabedelo.


A Cantareira em 1848 – Vêm-se o Farol de S. Miguel o Anjo, A Igreja de S. João da Foz (virada para Sul!), a Capela da Senhora da Lapa, um “char-a-bancs” puxado a cavalos, a praia com redes a secar, os rochedos existentes na altura e os barcos dos pescadores. Uma excelente gravura de C. A. Pinto.


“Char a bancs” que circulou da Porta Nobre à Foz em meados do séc. XIX


Cantareira – Vê-se um barco que parece ser de travessia do rio.


Cantareira – Lavadouros públicos – ainda lá estão.


Cantareira – Amanhecer de 20/9/2013 – Foto de Isabel Sousa Pinto.


Esta notável fotografia de Emílio Biel, fins Séc. XIX, mostra-nos o Castelo da Foz, o Passeio Alegre ainda muito no início, a Igreja de S. João da Foz, a Cantareira e os cavaletes onde os pescadores preparavam as redes de pesca. A foto foi tirada de muito alto, possivelmente de cima da torre da casa dos pilotos. A primeira casa á direita, de traça invulgar, pertenceu, antes de 1930, às famílias Magalhães Forbes e Tameirão Navarro.




Compondo as redes – foto de João Ramoa - 1954


Puxando o barco para a praia

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