segunda-feira, 23 de junho de 2014

IGREJAS PAROQUIAIS EM 1788 - II

3.11.6 - Igreja de Santo Ildefonso


Foto de Amigos do Sinatra’s

Santo Ildefonso nasceu, numa família ilustre, no ano de 605 e morreu a 23 de Janeiro de 667. Sobrinho de Santo Eugénio, a quem sucedeu na Sé de Toledo, Santo Ildefonso escolheu a vida religiosa muito cedo, apesar da oposição do seu pai. Estudou no mosteiro de Agali, perto de Toledo, e depois em Sevilha, onde teve como mestre Santo Isidoro. Quando era ainda um simples monge fundou um mosteiro de monjas em Deibiensi villula . Em 630 foi ordenado diácono por Heládio, abade de Agali, e posteriormente nomeado arcebispo de Toledo. Santo Ildefonso tornou-se abade de Agali e nessa qualidade foi um dos signatários do VIII (653) e IX (655) Concílios de Toledo. Nomeado arcebispo de Toledo em 657, pelo rei Recesvindo, ocupou este cargo eclesiástico até à sua morte, em 23 de Janeiro de 667, tendo sido enterrado na Basílica de Santa Leocádia.


“A actual Igreja de Santo Ildefonso começou a ser edificada em 1709 e acabou (numa primeira fase, sem torres sineiras) em 1730. Desde esse ano até 1739, a comunidade paroquial e as suas instituições ganharam fôlego para a construção das torres sineiras e transpôs-se o pórtico de MDCCXXX para a frontaria da Igreja, criando-se um nártex. Portanto, a leitura de 1730 na porta principal da Igreja corresponde à primeira fase que se completou em 1739. Daí a razão da Igreja ter no fecho do seu telhado fronteiriço uma cruz atrás da outra, correspondendo às datas 1730 e 1739 – o que se pode constatar a partir da Praça da Batalha”. Site da Paróquia de Santo Ildefonso.
Há autores que afirmam que a igreja foi construída entre 1730 e 1739.


Praça da Batalha – fim do séc. XIX – o Americano, o carro de bois e o largo ainda arborizado


Praça da Batalha – o eléctrico, o armazém de materiais de construção A Conquistadora (á direita), o cinema Águia d’Ouro, a Rua de Santo Ildefonso, o candeeiro a gás (?) – primeira década do séc. XX


Antes da colocação dos azulejos – Foto Alvão - No site da Freguesia de Santo Ildefonso pode ler-se: “Precede a igreja, uma larga escadaria, em cujo patamar fronteiro à rua de Santo António, se ergueu um obelisco em 24-XII-1794, de significado ignoto. Simples elemento decorativo? Memória da abertura daquela rua? Imponente cascata nela se ornou no dia 24 de Junho de 1810”.


O mesmo local depois de 1947, em que já se vê o cinema Batalha – o prédio à entrada da Rua de Santo Ildefonso continua com a mesma traça desde o séc. XIX.


O obelisco foi retirado para o jardim da Igreja – foto de Jorge Portojo


Em 1932 foi revestida por cerca de 11.000 azulejos de Jorge Colaço, com passos da vida de Santo Ildefonso e alegorias à Eucaristia.
Por cima do entablamento encontra-se um nicho com a imagem do santo, que ilustramos no início.


Natal de 2013 – foto de Isabel Melo


Foto de RGPSOUSA


“A mais relevante e valorosa obra artística da Igreja de Santo Ildefonso foi acordada entre a Confraria do Senhor Jesus e Santíssimo Sacramento e o entalhador lisboeta Miguel Francisco da Silva no dia 11 de Julho de 1745. A sua importância justifica que aqui se recupere sinteticamente o famoso contrato no qual o referido artista se compromete a fazer de novo o “retabullo da capella mor e sanefas das coatro portas e duas varandas e sanefas das duas portas de sima, tudo da dita capella mor desta igreja, sendo que terá que realizar a dita obra toda de talha, conforme as plantas de Nicoláo Nasoni. O trabalho importará 1.100.000 réis e será revista pello dito Niculáo Nasoni, com o coal o dito mestre concordará com o que for preciso para que fique prefeita e bem feita. Miguel Francisco da Silva receberá duas plantas da obra e compromete-se a concluir os trabalhos até à festa do Espírito Santo do ano de 1746”. Foto e texto de Amigos do Sinatra’s.


No corpo da igreja existem duas valiosas pinturas do séc. XVIII, de autoria de Domingos Teixeira Barreto, que necessitam de urgente restauro.


O tecto da igreja estava muito danificado e em perigo de ruir pelo teve de ser reconstruído no séc. XIX - Foto de Jorge Portojo.


Páscoa de 2013 – foto de Victor Moreira


Baptistério – o Baptismo de Cristo,  pintura de Domingos Teixeira Barreto – séc. XVIII


Órgão de tubos de Manuel Sá Couto - 1811


Fonte interior – foto de Jorge Portojo 

Igreja de Santo Ildefonso – excelente vídeo de AMDR


Foto de Jorge Portojo

Na cidade do Porto existiam dezenas de cruzeiros que foram retirados no séc. XIX. Na Rua do Bonjardim havia uma Via Sacra ao qual Horácio Marçal de refere da forma seguinte: “Queremos deixar aqui registado o facto de ter havido nela, dum e doutro lado da rua uma série de cruzes de pedra com imagens, pintadas, de Cristo Crucificado, que faziam parte de uma velha via sacra. Essas cruzes, em 1869, foram removidas para o cemitério da Igreja de Santo Ildefonso, não sem alguns reparos por parte das pessoas devotas.” 
Houve mesmo grande dificuldade em convencer os residentes a deixarem retirar estas cruzes. Refira-se que o cemitério de Santo Ildefonso se encontrava nas traseiras da igreja.

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