quinta-feira, 12 de junho de 2014

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DO PORTO - VI

3.11.4 - Santa Casa da Misericórdia do Porto - VI






Foto do blog rgpsousa


O Colégio de Nossa Senhora da Esperança, propriedade da Santa Casa da Misericórdia do Porto foi criado como Recolhimento das Meninas Órfãs de Nossa Senhora da Esperança, instituído em 1724 com um legado deixado por parte do Reverendo Manuel de Passos Castro.
A Igreja contém no seu coro-alto um órgão de tubos em estilo Inglês, construído pelo mestre organeiro britânico Peter Conacher em 1891, e que foi restaurado em 1990.


José Joaquim Leite Guimarães 
Barão de Nova Cintra (1808-1870) 

Nasceu a 21 de Julho de 1808, na freguesia de S. João de Pencelo, perto da cidade de Guimarães. Era filho de António José de Faria e de Custódia Maria de Machado. 
Os seus pais, na qualidade de proprietários rurais, dedicavam-se à agricultura, dando assim continuidade à ascendência de ambos os lados. 
Desde muito cedo, com apenas onze anos, viu-se forçado a abandonar a sua terra natal e a partir em direcção ao Porto, para se iniciar na vida do trabalho. Começou por se empregar numa casa de comércio como caixeiro, onde permaneceu até aos 17 anos, idade com que emigra para a cidade do Rio de Janeiro no Brasil, onde pelo seu assíduo trabalho adquiriu uma avultada fortuna. 
Em 1855 volta a Portugal, vivendo 6 anos em Lisboa e após este tempo determina ultimar os seus dias no Porto, onde começara sua vida laboriosa. 
Aqui toma parte activa na administração de vários estabelecimentos de beneficência, cujos haveres aumenta consideravelmente. 
Gerente da companhia de iluminação a gás, vice-presidente e presidente da Associação Comercial de Beneficência, Provedor do Asilo de Mendicidade, em toda a parte deixa o Barão de Nova Sintra, título que lhe fora conferido em Abril de 1862, vestígios de sua passagem e do seu génio empreendedor. 
Em 1863, procede à inauguração provisória de dois Estabelecimentos no Porto, sob a sua administração e sustento. Um deles, designado de Estabelecimento de Artes e Officios do Barão da Nova Cintra, e o outro de Recolhimento Humanitário do Barão da Nova Cintra. Três anos volvidos, inauguraram-se as instalações definitivas com a designação de Estabelecimento Humanitário do Barão de Nova Sintra, sendo as despesas a ele referentes suportadas pelo seu fundador. 
Com base num rascunho de sua autoria, manda redigir um extenso testamento no qual dispõe os seus bens a favor daqueles que o seu espírito lhe ditava. Mas o maior caudal da sua fortuna vai ser direccionado a favor dos mais desfavorecidos, com vários legados a instituições de caridade...


...como a criação do Estabelecimento Humanitário e, principalmente, com a doação de todo o remanescente à Misericórdia do Porto.
Este benemérito veio a falecer a 3 de Junho de 1870 e foi sepultado num jazigo, por ele mandado construir, no cemitério do Prado Repouso.
O Estabelecimento Humanitário do Barão de Nova Sintra e a fábrica de sericultura (seda) que lhe era anexa exigiam uma cuidada administração, o que não fazia parte das atribuições dos testamenteiros. Por esse motivo, em 1 de Junho de 1871 fica a Misericórdia do Porto responsável pela administração destes dois estabelecimentos, mediante a assinatura do respectivo Auto de Posse. É de salientar que o primeiro estabelecimento subsiste até à actualidade, sob a alçada da Misericórdia do Porto, com a designação de Colégio do Barão de Nova Sintra.

Quinta do Barão de Nova Cintra


Lar Pereira de Lima - Gaia


O edifício e o terreno envolvente, foram doados pelo casal Manuel Pereira de Lima e Carmina Pinto Dias de Lima, com vista a nele se fundar um “Asilo de Cegos” adultos e de ambos os sexos.
Manteve-se naquelas funções iniciais desde a inauguração (1938) até Fevereiro de 1975, ano em que passou a acolher, para além de invisuais (admissão prioritária), idosos carenciados de internamento.
Sofreu obras de requalificação em 2012.


"Situada na freguesia de Poiares, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, a Quinta d’Alva é uma propriedade rústica, das maiores da região duriense, com uma área que ultrapassa os 500 hectares. Foi doada pela família Massa à Santa Casa da Misericórdia do Porto em 1961. No entanto, a posse, administração e exploração da quinta iniciou-se no dia 6 de Julho de 1962.
Nos últimos anos, a Santa Casa da Misericórdia do Porto realizou importantes investimentos na propriedade, designadamente na recuperação do bloco habitacional e administrativo, na aquisição de novos equipamentos agrícolas e na introdução de um sistema de rega gota a gota. Estes investimentos permitiram aumentar a produção e melhorar a qualidade dos diversos produtos". Site da S.C.M.P.


Um relevante serviço pouco conhecido, pelo menos para nós, na actuação das Misericórdias, e de uma forma muito especial pela S. C. da Misericórdia do Porto, foi o seu importante papel na transferência de dinheiros do Brasil para Portugal.
O refluxo monetário da emigração tornou-se um dos principais sustentáculos da nossa economia. Durante séculos, e dada a inexistência do comércio bancário, foram as Misericórdias que proporcionaram a transferência avultadíssimos valores, funcionando como autênticas câmaras de compensação.
Os muitos emigrantes portugueses enviavam para as suas famílias o resultado do seu trabalho por seu intermédio. Onde houvesse portugueses havia, normalmente, uma Misericórdia. Era aí que entregavam os dinheiros a transferir que, enviados para os grandes centros (Rio de Janeiro, S. Paulo e outros), os faziam chegar à Misericórdia da área do destino. Compreende-se a importância deste serviço para o equilíbrio de tantas e tantas famílias que, muitas vezes, o tinham como único meio de sobrevivência.
Legados ou heranças também eram entregues aos destinatários de forma, habitualmente, rápida e fácil.
“Oliveira Martins cifrava, em 1891, o montante das remessas do Brasil, em 12 a 15.000 contos anuais e estruturava os ingressos do seguinte modo: economias de trabalhadores repatriados (5 a 6.000) sete a oito mil contos. Rendas de capitalistas repatriados (papel cambial) três a quatro mil contos. Mesadas, pensões, esmolas, presentes (papel cambial ou géneros) dois a três mil contos.


Também, o regresso de alguns portugueses com elevadíssimas fortunas trouxe importante desenvolvimento à nossa economia, pelos investimentos que cá fizeram. Igualmente, obras de solidariedade eram, por eles criadas ou beneficiadas.


O Barão de Nova Cintra fez importantes investimentos industriais e criou o Estabelecimento de Artes e Officios do Barão da Nova Cintra, e o Recolhimento Humanitário do Barão da Nova Cintra, hoje sob administração da S.C.M.P.


O Conde de Silva Monteiro, que foi Presidente da Associação Comercial, que deu um importante contributo na construção do porto de Leixões e dos caminhos de ferro.


Companhia Aurifícia – 1864 – fundada por Joaquim Rodrigo Pinto e sócios do Porto.


"Ocupa 1,6 hectares em pleno quarteirão classificado da Rua de Álvares Cabral e é um tesouro por descobrir. o Governo considera a Companhia Aurifícia "um património excepcional". Os donos querem vender.
Está à venda a Companhia Aurifícia, a antiga indústria de pregaria da qual a maioria dos portuenses conhecerá apenas a bonita fachada em tijolo cor de vinho na Rua dos Bragas. Para lá do portão, está o equivalente a 1,6 campos de futebol de terrenos e oficinas desactivadas e um cenário quase cinematográfico, que se estende até à Rua de Álvares Cabral.
A fábrica, que iniciou actividade em 1864, fechou há sete anos e o património da Companhia - detido por um banco, uma sociedade imobiliária, uma família e pequenos accionistas - está avaliado em 10 milhões de euros.
Além da antiga indústria (terrenos, edificado e recheio), integra um terreno ainda maior do que esse, devoluto e com 22 mil m2, na Rua de Cervantes, à Lapa. Esse terreno foi adquirido, em tempos, para lá ser construído um bairro operário, o que nunca chegou a acontecer.
A intenção de venda recai sobre todo esse património e a família portuense Pinto Leite, detentora de 33% do capital, admite vender a sua parte. Embora, como indicou ao JN um representante da família que é administradora da companhia há quatro gerações, a vontade dos accionistas seja alienar a totalidade.
A Companhia Aurifícia foi classificada em Dezembro passado, como parte do quarteirão da Rua de Álvares Cabral (compreendido entre a Rua de Cedofeita e a Praça da República), no centro do Porto. O edificado da antiga zona onde famílias da média e alta burguesia construíram moradias com características arquitectónicas preciosas foi consagrado como Conjunto de Interesse Público.
No despacho da Presidência do Conselho de Ministros, salienta-se o "património excepcional e que representa o exemplo mais bem preservado e coerente de uma instalação industrial dos séculos XIX-XX na área metropolitana do Porto". Percorrer a enorme fábrica é uma viagem a um passado industrial de charme.
Há salões de tetos altíssimos onde estão máquinas enormes, chaminés de tijolo, caldeiras a vapor, um canal de água e ricos detalhes arquitectónicos. Há um arco de pedra concebido pelo arquicteto Marques da Silva, encimado pelo busto de um antigo administrador esculpido por Teixeira Lopes. E muitos outros pormenores.
"A nossa vontade era que a Companhia tivesse um destino digno, mas que também fosse rentável para quem investir aqui", declarou um membro da família, sem esconder o receio que a classificação recente possa afastar investidores do imobiliário. "Isto é uma pérola, queremos preservar o que é para preservar, mas não se pode cair no fundamentalismo", afirmou a mesma fonte". In JN.


Outros portuenses regressaram com avultadas fortunas tendo cá construído as suas residências e contribuído para o desenvolvimento da indústria e do comércio.

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