sexta-feira, 18 de outubro de 2013

DIVERTIMENTOS DOS PORTUENSES - XV

3.5.8 - Foz do Douro e praias - III


Praia onde se construiu o Passeio Alegre, no séc. XIX – à direita vê-se a casa com duas torres, onde está hoje o Ramalhete. Á sua direita o prédio grande onde, de 1931 a 1950, existiu o Colégio Brotero, que frequentei de 1942 a 1950 – Na extrema direita o local onde se secavam e compunham as redes de pesca.


Antiga alameda onde veio a fundar-se o Colégio Brotero – marcado com X


O botânico Félix Avelar Brotero que deu o nome ao colégio que frequentei. 


Passeio Alegre em postal de 1903 – visto do lado Nascente – em 24/11/1862 tinham chegado à alfândega 10 grandes fardos com as espécies florestais encomendadas em Hamburgo.


Obeliscos, de autoria de Nicolau Nazoni, que pertenciam à Quinta da Prelada e que foram para aqui trazidos, pela C.M.P., em 1938. Interessante perspectiva enquadrando a Igreja de S. João da Foz.



Casa Constantino Rodrigues Batalha – 1897 


Casa Sousa Guedes – séc. XIX


Foto de 3/1/1909 - o Passeio Alegre já se encontra muito arborizado - o eléctrico vem muito cheio pelo que deve ser em dia de festa ou Domingo. O postal tem o carimbo de 9/1/1909 - Porto Central - 3ª. secção - 8 T (será 8 horas da tarde?)


À esquerda, o prédio baixo foi o Casino Internacional da Foz do Douro. “Este casino vem referido no ACP 1920 (Anuário Comercial de Portugal) como Casino Internacional - Empresa do Casino Internacional da Foz Limitada na Rua do Passeio Alegre 202. Foi devorado por um incêndio em 12 de Julho de 1911.” J. Salgado. 
Até 1950, esteve lá instalado o Colégio Brotero. No r/c estava a sala de estudo e nos andares de cima as salas dos “grandes”, 3º. ao 7º. ano do Liceu. 
Pegado, vê-se o prédio que foi, durante vários anos, o Clube da Foz.  
Na esquina começava a Rua das Motas onde esteve a Pensão Mary Castro vinda da Rua de Sampaio Bruno (ainda Rua de Sá da Bandeira) por cima da Casa Bancária Borges & Irmão. Era dos melhores hotéis da Foz e ia para lá Ramalho Ortigão, sobre a qual escreveu nas suas memórias. Foto anterior a 1910.


Fichas do Casino Internacional da Foz do Douro - site Numismatas.


Na Foz existiu ainda um outro casino, o Casino da Foz. Fichas deste.


Lado Nascente - 1909


Coreto – 1902 – às quintas e domingos era habitual haver concertos, durante a época balnear. As bandas dos Voluntários do Porto e Marcial da Foz eram das animadoras. Neste local existiu uma doca anterior ao aterro.


Casa  mandada construir por Domingos Oliveira Maia e depois vendida, em 1855, a Bento de Souza Villa. Pertenceu à família Pinho e hoje é o jardim infantil O Ramalhete.


S. João Baptizando Cristo – foto do livro Tesouro Barroco da Foz do Douro do Cónego Rui Osório– foto de Fotolândia.


O chalet do Carneiro, nome pelo que o conhecemos, foi construído em 1873 por António Carneiro dos Santos. Em 1906 foi comprado por Charles Frederick Chambers e, anos mais tarde pelo suíço Jácome Rasker, tendo passado a ser conhecido por Chalet Suíço. Durante os meses de verão era local de encontro dos intelectuais do séc. XIX, tais como Camilo Castelo Branco, Arnaldo Gama, Ramalho Ortigão, Alberto Pimentel e outros. Tem como divisa um carneiro colocado no telhado. Íamos lá quase diariamente comprar os rebuçados Vitória, embrulhados em papel fino com figuras de animais e as cadernetas da colecção – os mais difíceis eram o bacalhau, o cabrito e a cobaia. Quem conseguisse juntar seis cadernetas completas tinha direito ao prémio de uma bola de futebol, que naquele tempo era muito apetecível.



1909


Chafariz que se encontrava no claustro do Convento de S. Francisco e está agora no lado Noroeste do Passeio Alegre.

Temos lido em vários e respeitáveis locais que este chafariz terá sido desenhado por Nicolau Nazoni para a Quinta da Prelada, o que não está correcto. Este chafariz foi desenhado por Nicolau Nazoni, mas para ser colocado no claustro do Convento de S. Francisco. 

O Tripeiro VI série, Ano IX, Junho de 1969, a páginas 188, informa, na secção Efemérides: “30/6/1869 – Fica totalmente montado no Jardim do Passeio Alegre, à Foz, o monumental chafariz que pertencera ao Claustro da Igreja de S. Francisco, recinto que, após o violento incêndio de 24/7/1832, fora cedido à Associação Comercial.”

O historiador portuense Horácio Marçal em O Tripeiro V série, Ano XI, a páginas 341 afirma “O Padre Agostinho Rebelo da Costa, acerca do Mosteiro de S. Francisco, refere o seguinte: o Convento é reedificado de novo, com um magnífico e extenso claustro em quadra, rodeado de elevados arcos de esquadria e no meio um grande chafariz (está hoje no Passeio Alegre, à Foz do Douro), que lança perenes chorros de água, pública e patente a todos os que quiserem aproveitar-se dela. Na página seguinte mostra um desenho de Gouveia Portuense com a legenda seguinte: “Chafariz do Convento de S. Francisco (actualmente no Jardim do Passeio Alegre)”. 

O arquitecto Manuel Marques da Aguiar nas suas NOTAS SOBRE O ENQUADRAMENTO URBANO DO JARDIM DO PASSEIO ALEGRE, a páginas 206 escreve: “Ao jardim foram acrescentadas, posteriormente à sua realização, peças de valor cuja localização se fez com bom critério na sua composição final. É de assinalar o Chafariz, originário do Convento de S. Francisco e dois obeliscos que foram deslocados da Quinta da Prelada, da autoria do arquitecto Nicolau Nazoni. O Chafariz está classificado por decreto de 16 de Junho de 1910 e os Obeliscos estão classificados como de Interesse Público por decreto nº. 28536 de 23 de Março de 1938” 

Manuela Cunha, Licenciada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, no seu estudo A Quinta da Prelada descreve pormenorizadamente todas as obras de Nicolau Nazoni que aí existiram e existem, não fazendo qualquer referência ao Chafariz. D. Francisco de Noronha e Meneses legou em 1903 a propriedade à Santa Casa da Misericórdia do Porto, que dela tomou posse em 1904. Não nos parece, portanto, natural que o chafariz tenha sido retirado da quinta e colocado no Passeio Alegre em 1869. 

Por fim, lemos em O Tripeiro, Volume 3 de 1/12/1910, o testemunho de um leitor que afirma: “Pertencia ao Convento dos Franciscanos. Estava no centro do claustro onde hoje é pátio da Bolsa do Porto. Vimo-lo lá muitas vezes recordo-me bem que por ocasião de uma exposição industrial que lá houve, o chafariz lá estava deitando água para todos os lados e dessa água se serviam as fiadeiras de seda que na exposição se instalaram n’aquele local para o uso de todos os trabalhos do casulo. Depois quando se principiou a mudar o claustro foi o chafariz levado para a Foz”.


Projecto do paredão do Passeio Alegre – Séc. XVIII


Paredão do Passeio Alegre e Meia Laranja – séc. XIX


Paredão de S. Miguel o Anjo ao molhe de Felgueiras – Meia laranja – Deliciosas memórias de fraco pescador, mas de saudável descontracção. Certa vez, tentando pescar neste paredão encontrámos um "profissional" que frequentemente tirava peixe e do graúdo, enquanto ao seu lado estava outro que nada pescava. Via-se bem o desespero e inveja deste, no seu comportamento. Atirava o isco para a frente, para perto, para a direita e a esquerda, mas o peixe não picava. Visivelmente aborrecido, retirou-se. Devo dizer que também nada pescávamos, mas não nos incomodávamos com isso. Quando o pseudo-pescador se retirou perguntámos ao nosso vizinho, com a maior delicadeza, pois não sabíamos qual seria a sua reacção, a razão de tal sucesso e fracasso nosso. Disse-nos que era de Matosinhos e, que na véspera, tinha ido ao local deitar, entre duas pedras bem assinaladas e junto do paredão, um saco com restos de sardinha e óleo. Sabia exactamente o local onde deitar o isco e por isso tirava os peixes atraídos por tal "sementeira". Aprendemos muito na vida com os contactos com os outros.


Na meia-laranja existe uma memória ao comandante John W. Cowie, homem que muitas vezes entrou nesta barra do Douro que quis que as suas cinzas fossem lançadas neste local. A sua vontade foi cumprida em 19/7/1958.

2 comentários:

  1. Boa tarde. Confesso-lhe que talvez seja a primeira vez que entro neste seu blogue. Já vi, no que toca à Foz do Douro, que tem algumas imagens que terá usado (e textos) da minha página do facebook "A Nossa Foz do Douro". Não posso deixar de protestar pelo facto de estar patente um foto (não sei se existirão outras) em que a minha "marca de água" foi cortada omitindo-se assim o autor. Lembro-lhe que há direitos autoriais. Trata-se da imagem com o seguinte texto: "Casa mandada construir por Domingos Oliveira Maia e depois vendida, em 1855, a Bento de Souza Villa. Pertenceu à família Pinho e hoje é o jardim infantil O Ramalhete." Agradeço pois que não esconta o nome do autor da foto ainda que a mesma não seja uma "obra de arte". Do seu a seu dono. Obrigado. Agostinho Barbosa Pereira

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  2. Boa noite. Começo por lamentar o aborrecimento que lhe causei com a publicação da foto em questão. Na verdade o que acontece é que o local onde a encontrei já estava tal como apresento, portanto com a marca da água cortada, não tendo eu conhecimento do autor. Nada foi escondido.De resto, tal como diz, já encontrou outras em que aparece o nome do seu blogue. Faço por ter o maior cuidado em escrever o nome do autor, sempre que este não aparece claramente e recebo essa informação no local de recolha. Poderá ver dezenas de fotos em que aparece "foto de..". Neste caso vou substituir esta foto por outra...
    Cumprimentos, Rui Cunha

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