segunda-feira, 7 de março de 2016

MATOSINHOS, LEIXÕES, LEÇA DA PALMEIRA III

6.3.11 - Matosinhos, Leixões, Leça da Palmeira - III



Vapor Mouzinho – fiz neste barco uma maravilhosa peregrinação a Roma, durante o Ano Santo, em Outubro de 1950. 


Carvalho Araújo – Viajei nele, em 1952, de Lisboa ao Funchal e volta.


Santa Maria 

"Foi construído nos estaleiros da Société Anonyme John Cockerill, na Bélgica, entre 1952 e 1953. A sua encomenda inseriu-se dentro do Plano de Renovação da Marinha de Comércio - conhecido por Despacho 100 - implementado por Américo Tomás, então ministro da Marinha de Portugal, a partir de 1946. Ao abrigo desse plano, foram construídos 56 novos navios para a marinha mercante portuguesa - entre os quais vários grandes paquetes como o "N/T Santa Maria" - que ficaram conhecidos como "navios do Despacho 100".
O seu projeto era similar ao do "N/T Vera Cruz", também pertencente à CCN, e que entrara ao serviço em 1951.
Lançado ao mar, a sua viagem inaugural decorreu em novembro de 1953, ligando Portugal ao Brasil, Uruguai e Argentina, levando a bordo o ministro Américo Tomás.
Durante a sua carreira foi empregue na ligação entre Portugal e as Américas (do Norte, Central e do Sul). Foi o único paquete português com ligações regulares a portos dos Estados Unidos da América.
O "Santa Maria" ficou célebre pelo seu sequestro, em 22 de janeiro de 1961, por um grupo de portugueses e espanhóis - integrantes da Direção Revolucionária Ibérica de Libertação (DRIL) -, que então faziam oposição política aos governos ditatoriais de António de Oliveira Salazar e de Francisco Franco, sob o comando do capitão Henrique Galvão. Durante a ação, foi assassinado o oficial João José Nascimento Costa. A embarcação acabou por fundear no porto do Recife, no Brasil, em 2 de fevereiro seguinte. O episódio constitui-se no primeiro sequestro político de um transatlântico na história contemporânea.
Em 1973, apesar de ainda relativamente novo, foi vendido para ser desmantelado na República da China. In Wikipédia


Naufrágio do Vila do Porto perto de Leixões – 20-3-1955 – salvou-se toda a tripulação.


«A 23/10/1940, pelas 07h00, o vapor Sueco HANNAH que se encontrava ao largo, suspendeu e aproximar-se da costa, foi ao encontro da lancha P4, dos pilotos da Cantareira, que andava em serviço de pilotagem da navegação destinada ao rio Douro.
Como aquele vapor, que tinha chegado de madrugada procedente de Cardiff, com um carregamento de cerca de 1.400 toneladas de carvão para o porto de Leixões, o cabo-piloto Manuel de Oliveira Alegre, instruiu o capitão para se aproximar da entrada do porto de Leixões e aguardar a vinda da lancha P1, que lhe forneceria o respectivo piloto, o qual orientaria a entrada do seu vapor naquele porto.
O capitão do HANNAH assim procedeu, e conservando a bandeira G, pedindo piloto, e desconhecendo o enrocamento do quebra-mar do Esporão, que malgrado não estava assinalado, e que na ocasião parecia submerso, devido à maré alta, foi-se acercando demasiado dos molhes, sem que lhe aparecesse a lancha dos pilotos do porto de Leixões e sem prever o perigo, acabou por embater e encalhar no referido enrocamento, sem possibilidade de se safar, acabando por ser considerado perda total constructiva. O enrocamento pertencia ao então novo quebra-mar cuja construção estava paralisada, por abandono do respectivo empreiteiro estrangeiro, devido à situação de guerra.
Culpas do acidente foram imputadas aos pilotos de Leixões, por tardarem em abordar o HANNAH, mas segundo constava a atracação estaria para mais tarde.
A 17/11/1940, devido à forte ondulação originada por uma enorme tempestade que se abateu sobre a região Norte, o HANNAH, que permanecia encalhado, começou a ser desfeito pela agitação marítima, acabando por desaparecer por completo.» In Porto desaparecido


Esboço do futuro Terminal de Cruzeiros de Leixões


Foto de Portolovers (eu amo o Porto)


Terminal de cruzeiros em construção – Julho de 2013


Navio Aida Luna – 31/3/2015


Foto de Portolovers (eu amo o Porto)


Foto de Portolovers (eu amo o Porto)

“REPORTAGEM DO JORNAL PÚBLICO
Branco sobre azul
15/05/2015 
"Ainda que visto ao longe, é já um ícone incontornável na paisagem arquitectónica da marginal Matosinhos-Porto. Um óvni, um botão de rosa branco, um rolo de papel desfolhado sobre o mar, um peixe fora de água?... “Quem dera que fosse um peixe ou uma ave; mas nós, humanos, fazemos coisas bem mais rudes”, diz o arquitecto do novo terminal de passageiros do Porto de Leixões, Luís Pedro Silva".


A abertura do Terminal de Passageiros à cidade e aos transeuntes pode revolucionar a relação de Matosinhos e do Porto com o Porto de Leixões - Fernando Guerra
“Ah, todo o cais é uma saudade de pedra." É com este verso da Ode marítima de Álvaro Campos, inscrito a letras brancas sobre um fundo vermelho, que somos agora recebidos na entrada principal do Cais Sul do Porto de Leixões. Mas estamos ainda distantes do novo terminal que, já desde 2011, recebe os grandes paquetes nesta nova fase da vida do porto matosinhense.
Por agora, é ainda de automóvel que acedemos ao novo terminal de cruzeiros, para visitarmos a nova estação de passageiros, cuja inauguração foi inicialmente anunciada para o dia 20 de Maio,  mas entretanto adiada e transferida para uma data ainda a anunciar. No futuro, esse acesso passará a ser feito por uma entrada mais a Sul, que será transformada em passeio público com ligação directa à malha urbana de Matosinhos – e, quem sabe, talvez se possa mesmo chegar lá num velho eléctrico, a ligar este novo porto turístico à Ribeira portuense.
A pouco mais de uma semana da inauguração do novo edifício, o Ípsilon visitou-o guiado pelo arquitecto que o desenhou, Luís Pedro Silva (Oliveira de Azeméis, 1971), uma figura pouco conhecida da Escola do Porto, tão discreta que quase parece pedir desculpa por ter assinado uma obra ainda distante da vista, mas com inegável impacto no recorte da marginal de Matosinhos.


Fernando Guerra

"Acedemos à nova estação seguindo a rua junto ao Molhe Sul, que, num futuro que a Administração dos Portos do Douro e Leixões (APDL), a dona da obra, aponta para o final do próximo ano – e que o arquitecto espera ver efectivamente concretizado, pois trata-se de “um arruamento decisivo para o usufruto do edifício em plenitude”, servirá como passeio público colectivo, com um percurso pedonal paralelo à cota alta.
Depois de passarmos por baixo de um pórtico, o edifício que quase parece um botão de rosa branco, sempre a espelhar o azul do mar e a cor do céu, ergue-se como um rolo de papel a desfolhar-se em superfícies lisas, transparências e mangas de acolhimento de visitantes e passageiros.
Há quem lhe chame um óvni – e a associação com o “meteorito” Casa da Música surge sempre como inevitável –, ou então um peixe fora de água. Mas, apesar de lembrar que a sua obra custou apenas cerca de um quinto da de Rem Koolhaas, Luís Pedro Silva contorna a questão dizendo não ver a arquitectura como “um problema de autoria”, mas antes de “resposta a um conjunto de circunstâncias”, que começam no cliente e no programa e passam pelo lugar e pelo contexto. “A arquitectura é a síntese destes vários factores, que depende mais da pergunta que eles fazem do que do modo como se lhes responde”, diz este arquitecto, mestre em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano pelas faculdades de Arquitectura e Engenharia da Universidade do Porto (UP).
Mas não lhe desagrada a associação à imagem de um óvni ou de um peixe. “Quem dera que soubéssemos desenhar organismos assim: um peixe ou uma ave – seria uma delícia! Mas nós, humanos, fazemos coisas bem mais rudes."
Entre o fechado e o aberto
O convite a Luís Pedro Silva para projectar a nova estação de passageiros do porto de Leixões surgiu naturalmente depois de o arquitecto ter integrado a equipa da empresa que, em 2003-04, foi escolhida pela APDL para definir o novo plano estratégico para este lugar. O objectivo então estipulado foi "ligar o desenvolvimento comercial e a aposta no turismo marítimo com a socialização do porto”, nota o arquitecto. A primeira etapa – que seria concluída em Abril de 2011 – foi a construção de um novo cais de acostagem, que foi já projectado por si. Seguir-se-iam um porto de recreio equipado com uma doca seca – actualmente ainda em fase de acabamentos – e depois a nova estação de passageiros.
A associação com a Casa da Música, que custou cinco vezes mais, é inevitável, mas Luís Pedro Silva não vê a arquitectura como “um problema de autoria"
Luís Pedro Silva, que iniciou a carreira com pequenas obras na sua terra natal – a remodelação de uma moradia e um arranjo urbanístico –, explica que a sua preocupação primeira foi “juntar toda a informação crítica” que permitisse que o novo empreendimento fosse “eficaz e ficasse ao serviço tanto do Porto de Leixões como da comunidade”. O desenho inicial do edifício surgiu em 2006, mas o arquitecto diz que não tem “nada de transcendente”. “Temos um braço que vem ao navio, outro que vai à curva do molhe, outro que leva à cidade e depois outro que cai dentro do edifício”, descreve, para explicar que o seu projecto resultou da “síntese destes movimentos e fluxos”.
E havia que responder às questões práticas. “Tinha de haver uma cobertura para abrigar as pessoas, uma parede para suportar uma rampa, uma pala para abrigar os autocarros... Esses elementos vêm mais ou menos laminados e, quando chegam aqui, não se descaracterizam – levam a que as formas, e aquilo que se lê entre o fechado e o aberto, seja assim mesmo”, explica Luís Pedro Silva, à entrada da estação.
Empatia
Num primeiro momento, imaginou-se que a estação de passageiros pudesse incluir uma área comercial e um espaço de restauração para mais facilmente atrair a atenção dos habitantes da área metropolitana contígua, complementarmente ao fluxo de turistas. Acabaria por ser a UP a assumir uma parceria com a APDL para aí instalar o seu Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (Ciimar), também conhecido como Pólo do Mar, actualmente com departamentos entre o Porto e Matosinhos – esta decisão viria a facilitar a candidatura aos dinheiros comunitários, tendo os custos globais, orçados em pouco mais de 50 milhões de euros, sido divididos em partes iguais com a APDL.
A estação de passageiros estratifica-se em oito pisos, construídos sobre estacas. O mais próximo do fundo do mar (cerca de dois metros abaixo do nível da água) é a cave, que acolhe um biotério do Ciimar (um aquário com animais e algas), um parque de estacionamento (90 lugares), uma área técnica e equipamentos de apoio ao porto de recreio. O piso ao nível do solo abre-se num átrio amplo, com um espelho de água ao centro e integralmente iluminado por luz natural, a partir do qual o edifício sobe em espiral – que inclui mesmo uma rampa até à cobertura. Este é o piso da recepção aos visitantes, com um balcão em granito, que contrasta com o revestimento geral em pequenos módulos de cerâmica branca, fabricados em Aveiro. O piso acima é a sala de embarque, com os obrigatórios serviços de check-in, alfândega, fronteira e também uma sala de espera com cafetaria. Daqui, os turistas têm uma ligação directa tanto aos navios como aos autocarros que os esperam no parque exterior – na última informação divulgada, a APDL aponta para uma expectativa de 125 mil passageiros só até final do corrente ano". (2015)


Um braço que vem ao navio, outro que vai à curva do molhe, outro que leva à cidade e depois outro que cai dentro do edifício: Luís Pedro Silva diz que o desenho “não tem nada de transcendente.”  Fernando Guerra


Interior

Os pisos 2 e 3, bem como os mezaninos que duplicam o seu espaço, estão quase integralmente afectos aos serviços do Pólo do Mar, com quase uma centena de salas e gabinetes que deverão acolher três centenas de pessoas ligadas ao trabalho e à investigação em áreas como a oceanografia, a microbiologia, a nutrição, a ecofisiologia, a toxicologia, a robótica, etc… Cada um dos gabinetes responde às exigências específicas do seu ocupante – explica Luís Pedro Silva –, mas “mantendo uma matriz comum” na organização do espaço. 
O piso 3, na face virada ao Atlântico, ostenta um dos espaços mais arrojados da construção, com uma parede inclinada de 14 metros a abrir para uma vista única sobre o oceano. Aqui fica a galeria de divulgação científica, apoiada por uma pequena Sala de Actos (um auditório revestido a veludo azul, equipado com uma régie e máquinas de projecção), mas que pode acolher os eventos mais diversos – e que será partilhado pela UP e pela APDL. Um pequeno restaurante, também em dois níveis, completa a oferta deste piso, a partir do qual se pode sair novamente para a rampa exterior que leva à cobertura. Aqui, uma bancada, resguardada da nortada e que pode acolher até 1.800 pessoas, proporciona também uma vista fantástica sobre a costa urbana. 
“Espero que a obra seja bem acolhida, bem usufruída, que sirva quem cá esteja dentro e quem cá venha”, diz Luís Pedro Silva, não iludindo, contudo, algum inconformismo relativamente ao estado final do seu projecto. “Satisfação é uma coisa sempre transitória na vida”, diz, respondendo à questão sobre se o resultado agora visível corresponde ao que tinha idealizado. “Hoje em dia, as questões económicas sobrepõem-se a essa empatia com o que se faz, e o resultado é o reflexo disso. Quando dependemos de equipas, por esses factores sempre exteriores ao trabalho, acabamos por chegar a resultados que são bastante menos consistentes do que poderiam ser”, acrescenta numa espécie de desabafo, a que não terão sido estranhos os constrangimentos de uma gestão orçamental que o obrigou a baixar em cerca de três milhões de euros (de 28 para 25) o montante inicialmente previsto. 
Apetece regressar a Pessoa/Álvaro de Campos e à Ode marítima: “Tudo isto hoje é como sempre foi, mas há o comércio;/ E o destino comercial dos grandes vapores/ Envaidece-me da minha época!”.


Foto de Armando Tavares


Inaugurado em 23/7/2015 – foto de Francisco Piqueiro

“MAIS UM RECORDE NO PORTO DE LEIXÕES - 2015 foi o melhor ano de sempre para o turismo de cruzeiros.
Ao longo do ano passado, foram registadas 85 escalas de navios em Leixões, mais 9% do que em 2014. Também o número de passageiros aumentou 22% face ao ano anterior , contabilizando 78 499 passageiros.
Inaugurado em julho de 2015, o Terminal de Cruzeiros contou com 41 navios que trouxeram a bordo 63 mil pessoas (80 % do total de passageiros de 2015). Os restantes 44 navios atracaram na Estação de Passageiros de Leça da Palmeira.
O ano passado ficou ainda marcado pela estreia da Grand Circle Cruise Line em Leixões e pelas escalas em viagens inaugurais do Corinthian (Grand Circle Cruise Line) e do Mein Schiff 4 (Tui Cruises).
Para este ano estão já programadas 90 escalas, das quais quatro são inaugurais, e uma nova companhia a operar em Leixões.
A Administração dos Portos do Douro e Leixões espera, por isso, que este ano seja novamente ultrapassado o recorde na atividade de cruzeiros”. C.M.Matosinhos

Terminal de Leixões – fotos de Portolovers

Reportagem sobre o terminal do Porto de Leixões

2 comentários:

  1. Olá
    Terminal de navios de Cruzeiro....a Obra!
    Cumprs
    Augusto

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  2. Tem toda a razão. Além do mais é de uma beleza excepcional, digna de qualquer país do mundo.
    Cumprimentos
    Maria José e Rui Cunha

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