quinta-feira, 10 de novembro de 2016

O COMBOIO - I

6.26.4 – O Comboio - I - Linha do Norte em Gaia, Projectos Ponte Maria Pia, Ponte Maria Pia em construção e sua inauguração


Acção de 1860 

Em 1844 José Bernardo da Costa Cabral fundou com o capital de 20.000 contos a Companhia de Obras Pública de Portugal à qual é concedida a construção de uma linha férrea para ligar Lisboa à fronteira de Espanha. Essa companhia nunca entrou em funcionamento. Cabe a Fontes Pereira de Melo fazer o lançamento da rede ferroviária nacional.
Os trabalhos principiaram em 1853. Em 28 de Outubro de 1861 é inaugurado o troço ferroviário de Lisboa até ao Carregado. Em 1861 é efectuada a ligação do Barreiro a Vendas Novas. Em 1864 a linha do Norte chega a Gaia e a do sul chega até Beja.


Locomotiva da série 001 – Devia ser das primeiras em Portugal


Séries 001 a 008



Estação de Gaia Gaia – in blogue Restos de Colecção 

Até à construção da Ponte Maria Pia, durante 13 anos, os passageiros e mercadorias saíam na Estação de Gaia, Devesas, seguindo para o Porto por diversas formas. Os mais pobres vinham a pé e os que podiam alugavam um trem ou tinham o seu próprio veículo esperando. Atravessavam a Ponte D. Maria II, pênsil. Porém, algumas pessoas preferiam atravessar o rio de barco por razões várias, entre elas o custo.


Antiga toma de água em Gaia


Pessoal da CP de Gaia cerca de 1920

“O caminho-de-ferro era inaugurado em Portugal em 1856, entre Lisboa e o Carregado, mas só em 1864 ficaria concluída a Linha do Norte. Antes, porém, já o comboio chegara a Badajoz, pois os nossos avós também privilegiaram a ligação a Espanha antes de ligar as duas principais cidades portuguesas. Nos finais do século XIX, existia a linha de Lisboa a Badajoz, de onde, a partir do Entroncamento, saía o... ramal para o Porto.
De Santa Apolónia até Gaia, demorava-se na altura 14 horas de viagem. Um autêntico feito, comparado com os vários dias que demorava a antiga mala posta. O caminho-de-ferro acabava na margem esquerda do Douro e só 13 anos depois se vencia o "temível fosso daquele rio" com a construção da Ponte de D. Maria, que permitia, enfim, ao comboio chegar ao centro da Invicta.
Até lá, as primeiras composições partiam de Lisboa às 9h15 e chegavam a Gaia às 23h20. Em sentido contrário, saía-se da estação das Devesas às 5h00 da manhã e descia-se em Santa Apolónia à sete da tarde. Um dia de viagem, sim, mas com paragens para se tomar as refeições no Entroncamento e na Pampilhosa.
Em 1899, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses inaugura os "rápidos" entre Lisboa e Porto que passam a fazer os cerca de 300 quilómetros entre as duas cidades em apenas sete horas. Uma nova melhoria do serviço ocorre em 1911, com a compra de locomotivas alemãs, capazes de circular a 120 km/hora e que reduzem o percurso para cinco horas e meia.
Nos anos vinte, mantém-se a velocidade, mas aumenta o conforto, pois os "rápidos" passam a ter carruagens de metal em vez de carruagens de madeira. Mas vai ser preciso esperar pelo fim da II Guerra, quando as máquinas a diesel começam a substituir as velhas locomotivas a vapor, para se cortar mais algum tempo à viagem, que passa a ser feita em 4 horas e 50 minutos.
Em 1954, é inaugurado o mítico Foguete: uma automotora diesel que era um luxo para a época, pois tinha ar condicionado e serviço de restauração no lugar. Lisboa e Porto passam a estar ligadas por 4 horas e meia. Vinte anos depois, em 1974, já com a Linha do Norte electrificada, as duas cidades ficam à distância de 4 horas e cinco minutos, mas falta ainda renovar a via-férrea para que se possa tirar partido das máquinas eléctricas, coisa que vai demorar grande parte da década de setenta. 
Por isso, só em 1980, com alguns troços a 140 km/hora, vai ser possível ligar o Tejo ao Douro em apenas três horas. Uma viagem que, na altura, era a maior velocidade comercial da Península Ibérica. 
O comboio Alfa pendular, inaugurado em 1 de Julho de 1999, mantém o mesmo tempo de percurso e, devido às obras de modernização da Linha do Norte, entretanto iniciadas, passa até a demorar durante algum tempo 3 horas e 15 minutos devido aos afrouxamentos.
Hoje, a viagem já se faz em 2h50, mas, no final de Dezembro, a CP, em concertação com a Refer, deverá estrear as duas horas e meia numa viagem sem paragens entre Lisboa e o Porto.
Em 142 anos, o comboio reduziu em 11 horas e meia um percurso que começou por ser feito em 14 horas, marcado por etapas que correspondiam à introdução de uma nova tecnologia: primeiro o vapor, depois o diesel e depois o eléctrico. O novo paradigma que é a alta velocidade prevê fazer 1h15 numa linha nova”. In Público de 2/9/2006

Este artigo refere que "Nos finais do século XIX, existia a linha de Lisboa a Badajoz, de onde, a partir do Entroncamento, saía o... ramal para o Porto". Deve ser engano porque a linha para Badajoz deveria seguir pelo sul do Tejo e o Entroncamento fica na zona de Torres Novas. Do Entroncamento parte a Linha da Beira Baixa.


Projectos para a Ponte Maria Pia


Projecto de Théophile Seyrig e construção da empresa Eifel


In Portugal Antigo e Moderno


Início construção da ponte Maria Pia – 1876 – em cima vê-se o Seminário muito danificado, antes da reconstrução para acolher o Colégio dos Órfãos.


Ponte Maria Pia em construção  – foto Emílio Biel


“La voie de chemin de fer de Lisbonne à Porto devant franchir le Douro à une hauteur de 61 mètres au-dessus du fleuve dont la très grande profondeur rendait impossible la construction d'un appui intermédiaire et obligeait la traversée de 160 mètres en une seule travée. Gustave Eiffel réalisa un pont portant un arc de 42,50 mètres de flèche moyenne et 160 mètres de corde en forme de croissant. Le montage fut réalisé entièrement en porte à faux sans échafaudage intermédiaire. Les Arcs furent soutenus pendant la construction par de câbles en acier qui venaient se fixer au tablier supérieur. Chacune des parties construites servait de point d'appui pour l'établissement des parties suivantes jusqu'à la fonction centrale où s'opérait la pose de la clef qui les a réunies”. Site gustaveeiffel.com


Ponte Maria Pia aquando da sua inauguração - 4/11/1877


Comboio que inaugurou a Ponte Maria Pia e que transportava a rainha.


Carruagem que levava a rainha


Interior


Locomotiva que inaugurou a Ponte Maria Pia

“A ponte foi inaugurada em 4 de Novembro de 1877. A cerimónia iniciou-se com um comboio especial, com 24 carruagens, que transportou mais de 1200 convidados desde Vila Nova de Gaia até à ponte. Depois, retornou a Gaia, de forma a deixar passar o comboio real. Foi instalado um pavilhão junto ao início da ponte, no lado Sul, onde Luís I e Maria Pia de Sabóia e os príncipes D. Carlos e D. Afonso receberam a direcção da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, e os engenheiros portugueses e estrangeiros que estiveram envolvidos na construção, incluindo Eiffel, que apresentou o projecto da ponte. O primeiro comboio chegou a Campanhã no dia seguinte. A festa da inauguração decorreu durante 3 dias na cidade do Porto, reflectindo o sentimento geral na altura, que considerava que a chegada do caminho de ferro iria melhorar as ligações ao estrangeiro e ao resto do país. As ruas estavam decoradas e tinham alcatifas de areia e flores, enquanto que o comércio esteve fechado durante esse período, e houve animação musical nas praças. A Ponte Maria Pia e o Viaduto de Garabit foram as primeiras pontes ferroviárias com tabuleiros suportados por arcos metálicos de grandes dimensões. A ponte esteve em serviço durante 114 anos, como parte da Linha do Norte, tendo sido encerrada no dia 24 de Junho de 1991, dia em que foi inaugurada a Ponte de São João. Esta nova estrutura foi construída junto à Ponte D. Maria Pia, tendo sido projectada por Edgar Cardoso. In Wikipédia

Conta-se que uma tal Adelaide Lopes resolveu inaugurar a ponte antes da rainha. Para tal decidiu atravessa-la a pé antes do comboio de D. Maria Pia!

2 comentários:

  1. Tem razão. Eu ainda sou do tempo em que ia para Paredes em carruagens com porta estreita que davam para um único local com 2 bancos frente a frente...
    Cumprimentos
    Rui Cunha

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