6.26.4 – O Comboio V - Linha do Minho II -Braga, Bom Jesus, Viana, Valença, Monção
Antiga estação de Braga
Largo da Estação - 1970
Nova estação inaugurada em 21/4/2004
Quem se não lembra destas desditosas mulheres sempre atentas à passagem dos comboios, dia e noite. Trabalho de grande responsabilidade e não reconhecido. Viviam num casebre junto à Linha e eram essenciais para a segurança do transito ferroviário.
Passando em frente às arcadas
Duas fotos do bloguedominho
"Com o aumento de peregrinos ao Bom Jesus do Monte a utilizar o carro Americano, que lotavam o carro Americano, os cavalos que o puxavam não conseguiam vencer o grande desnível da estrada Real do Bom Jesus do Monte. Para tal, existia em reserva nos dias mais intensos uma junta de bois para auxiliar na tracção.
No entanto esta solução não era de todo uma boa solução. Joaquim Gomes contrata então o engenheiro suíço Niklaus Riggenbach para construir um ascensor para vencer o desnível. A construção foi então iniciada em 1880, e a 25 de Março de 1882 foi inaugurado. A linha um do carro Americano passa a ir apenas até ao pórtico do Bom Jesus do Monte. Foi o primeiro funicular construído na Península Ibérica. A partir desta data a companhia passou a designar-se de Carris e Ascensor.
O comboio urbano a vapor
Com o bom desempenho do novo ascensor, a linha um do carro Americano não conseguia manter o ritmo nem a frequência necessária para abastecer o ascensor. Foi então feito um novo investimento no final da década de oitenta, adquiriu-se duas máquinas a vapor para melhorar o desempenho da linha um. Assim, na linha um, a tracção passou de animal para a vapor.
No entanto, com o decorrer do tempo, foram surgindo problemas com a circulação das máquinas a vapor. A população que vivia ao pé da linha queixava-se da trepidação, barulho e as faúlhas. A velocidade com que circulavam dentro da cidade era também considerada elevada. O Atheneu Commercial, actual Associação Comercial de Braga, fez imensa pressão na Câmara Municipal para interditar a circulação das máquinas a vapor. E no dia 8 de Julho de 1891, o traçado entre a estação de caminhos de ferro e a Rua Nova de Santa Cruz voltou a ser feito através de tracção animal, sendo o resto do percurso feito por tracção a vapor”. In Bloguedominho
Foto Olhares
Elevador do Bom Jesus - História
“Ironicamente, um dos trunfos mais fortes para que o Bom Jesus do Monte, em Braga, possa vir a ostentar o galardão de Património Mundial da Humanidade não é de cariz religioso, mas sim de engenharia. Trata-se do velho funicular, quase a perfazer 120 anos - sem registar qualquer acidente - que é o mais antigo elevador do mundo movido a água ainda em pleno funcionamento. A delegação de Braga da Ordem dos Engenheiros quer ver esta obra reconhecida como de "interesse mundial" e, por isso, promove hoje um simpósio internacional sobre o tema, ao mesmo tempo que lança uma monografia com a história possível de um elevador que já transportou mais de 10 milhões de pessoas. "Em Braga toda a gente conhece o elevador do Bom Jesus, mas ninguém sabe nada sobre ele", afirma o professor da Universidade do Minho José Manuel Lopes Cordeiro, habitual colaborador do PÚBLICO e um dos autores do livro (em conjunto com o responsável técnico pelo funicular, Fernando Mendes, e o consultor de engenharia, António Vasconcelos). A dificuldade em encontrar fontes de informação e pesquisa foi o maior problema com que depararam os investigadores. Ainda assim, conseguiram verter para os 1500 exemplares do livro alguns dados históricos, compilados apenas até 1978, o ano em que a Confraria do Bom Jesus assumiu a gestão desta estrutura. "Plano inclinado Gomes". Não, não tem nada a ver com qualquer eventual derrapagem nas sondagens autárquicas do ex-ministro Fernando Gomes. Este foi tão-só um dos títulos que a imprensa da época escolheu para vincar quão acentuado era (e é) o desnível que as duas cabinas percorrem entre o chamado Pórtico (no início dos escadórios) e o miolo da estância. Para a época, foi de facto um arrojo construir este funicular (é o termo técnico adequado, ainda que seja inevitavelmente conhecido como elevador). Um arrojo só comparável aos 30 contos (!) que custou ao empresário bracarense que o pagou, chamado Manuel Joaquim Gomes. Daí o "plano inclinado Gomes" e o cepticismo que este título indiciava nas entrelinhas. Mas o sucesso foi imediato e estrondoso. Até Março de 1882, 10 mil pessoas subiam anualmente o escadório, um número que disparou para quase 80 mil até ao fim desse ano. Resultado: as caixas das esmolas no Bom Jesus "engordaram" de 2500 réis para 4 mil... Claro que os tempos mudaram - hoje quase toda a gente vai de automóvel, a expansão urbanística da cidade já ameaça "cercar" parte dos quase 300 metros de percurso -, mas o funicular está na mesma (o que só o valoriza em termos patrimoniais). Por exemplo: os condutores de cada cabina continuam a usar um sistema sonoro (uma campainha), que serve de código para saber quantos passageiros transporta a outra; os bancos continuam a ser de madeira, o cabo de aço só foi substituído uma vez (em 1956) e está de perfeita saúde e as duas carruagens continuam a ser movidas apenas a água fornecida pela mãe-natureza (e que depois é aproveitada para a rega dos campos mais próximos). Actualmente, é o elevador mais antigo do mundo a utilizar o sistema de contrapeso de água (só há mais seis do mesmo tipo, quatro na Grã-Bretanha, um na Alemanha e outro na Suíça). Com este sistema, cada viagem pode "custar" perto de seis mil (!) litros de água (caso a cabina inferior esteja cheia de passageiros) ou nem sequer gastar uma pinga de água (se a carruagem estiver vazia, pois basta a força da gravidade para mover todo o mecanismo).Esta simples e genial maravilha precisa, contudo, de alguma manutenção regular, para que continue a manter os elevados padrões de segurança. Para além de algumas reparações cirúrgicas - como vai suceder durante o mês de Novembro, obrigando à imobilização do funicular -, em que são substituídas peças feitas à medida, pois não existem à venda no mercado, será preciso efectuar, posteriormente, obras de recuperação mais profundas, que vão custar mais de cem mil contos”. In Público
Elevador do Bom Jesus - vídeo
Ponte de Viana do Castelo - foi construída pela empresa do Eiffel
Nos anos 60 a viagem do Porto e Viana demorava cerca de 2 horas.
Moledo do Minho
Charles David Ley viajou em terceira classe no comboio da Linha do Minho — "coisa que, no norte, é muito agradável. (...) Em Viana, loquazes camponeses se apinharam no compartimento. Só com muita dificuldade podia espreitar pelas janelas. Mas os camponeses eram muito amáveis, muito boas pessoas — e de quando em quando faziam-me observações sorridentes, a mim que lhes era completamente desconhecido. A carruagem quase que se esvaziou outra vez em Âncora, onde certamente havia alguma festa. De repente, vi assomar ao longe uma imensa pirâmide natural, uma montanha. Era ameaçadora e ferozmente bela. Tive a certeza de que aquilo era Espanha, duplamente enigmática e terrível, nas agonias da guerra civil. Nessa altura o comboio parou. Tirei a minha bagagem com pressa. Um rapaz da pousada conduziu-me aonde vivia Almada Negreiros. Subia-se uma breve calçada de aldeia, e depois voltava-se à direita, por um caminho que tinha de um lado um alto muro e do outro um campo aberto. Batemos à porta. Um homem que, posto não estivesse na primeira juventude, conservava muito da agilidade e da clareza de gestos de um rapaz, abriu a porta. Vestia um jersey azul.
— O Sr. Almada Negreiros está? perguntei.
— Sou Almada Negreiros, disse ele, com uma perfeita franqueza e natural cortesia.
Conduziu-me a um terraço, à beira do caminho e debruçado sobre ele. Estávamos em pleno verão minhoto, com o dorso das colinas à nossa esquerda e o pálido mar à direita. Nunca me sentira tão completamente à vontade num primeiro encontro. Dois minutos depois, falávamos espanhol, e eu senti-me imensamente feliz. Cinco minutos mais tarde, Almada mostrava-me os seus novos quadros, os de sua mulher, e os dois livros que trouxera com ele, as obras de Gil Vicente e as peças de Shakespeare em espanhol."
Estação de Valença - 1884
Ponte de Valença -1886 - obra da empresa de Eiffel
Piso rodoviário
Ponte do Minho - vídeo
“Foi em 1879 que os governos dos dois países acordaram na construção de uma ponte sobre o Rio Minho ferroviária e rodoviária fazendo a ligação entre Valença e Tuy.
Numa época das construções metálicas, para a construção da ponte três soluções se apresentaram:
Uma que cruzava o rio defronte do velho convento beneditino de Ganfei do lado de Portugal e um pouco a jusante da confluência do rio Louro com o Minho do lado de Espanha.
Outra no local denominado da «Pesqueira da Raposeira», que exigia um túnel sob a fortaleza de cerca de 285 metros.
Uma terceira solução, que foi, aliás a que prevaleceu, que desembocava do lado português no sopé do «Baluarte do Socorro» da respectiva fortaleza.
Do projecto foi encarregado o engenheiro espanhol, D. Pelayo Mancebo y Agreda que se inspirou no sistema metálico do francês Gustave Eiffel, construtor da famosa torre em Paris no Campo de Marte que tem o seu nome.
Entretanto, é iniciado do lado português o prolongamento da linha férrea de Seguedães até à estação de Valença que veio a ser inaugurado em 6 de Agosto de 1882, enquanto do lado espanhol o ramal do caminho de ferro entre Guilharey e Tuy ficou concluído em 1 de Janeiro de 1884.
No grande investimento da ponte estiveram interessadas as seguintes firmas Carlos Gustanudy; Société de Villebrok; Odriozola; Luiz Bovier y Brulla; Braine le Comte; Société Eclosin e Gustave Eiffel. Para um preço de base de 236 718 000 réis, a obra foi adjudicada à firma «Braine le Comte» por 275 766 000 réis.
As despesas foram repartidas pelos dois países da seguinte forma : Portugal pagou 101 597 000 réis e a Espanha 104 168 010 réis. As obras começaram em 15 de Novembro de 1881 sendo benzido o lançamento da primeira pedra nesse mesmo dia pelo Bispo de Tiiy, D. Juan Maria Valero Nacarimo. As obras de construção terminaram em 10 de Outubro de 1884.
A pedra aplicada na ponte veio de Lanhelas e de Guilharey em Espanha e foram empregues 1 540 365 kg, de ferro. Composta por dois tabuleiros, o superior para transportes ferroviários e o inferior para rodoviários e peões, a ponte é constituída por 5 tramos de ferro - 3 centrais de 69 m e dois laterais de 61,5 metros. O comprimento total, incluindo os viadutos sobre as margens é de 400 metros.
O dia da inauguração (25 de Março de 1886) foi de contínua e intensa chuva e o notável acontecimento presenciado por vinte mil pessoas indiferentres à chuva. Animaram a festa as bandas de música «Caçadores 7» portuguesa e a de Múrcia espanhola com trechos à mistura de foguetes”. In vianatrilhos.
Linha que ligou o ramal de Valença a Monção
Estação de Monção
O nosso caríssimo e fiel leitor Alberto Guimarães enviou-nos um precioso álbum sobre carris que muito agradecemos e indicamos abaixo:
https://www.flickr.com/photos/robaleiro/sets/72157601023335349
Olá
ResponderEliminarObrigado por mais este belíssimo trabalho.
Cumprs
Augusto
Muito obrigado pela sua persistência em nos visitar.
EliminarCumprimentos
Maria José e Rui Cunha
Boa noite, amigo Rui Cunha!
ResponderEliminarTenho neste álbum muita coisa respeitante a transportes sobre carris.
Pode usar as imagens que entender. Grande abraço!
Alberto Guimarães
https://www.flickr.com/photos/robaleiro/albums/72157601023335349
Caríssimo Sr. Alberto Magalhães,
ResponderEliminarMuito obrigado pelo envio do precioso album, que decidimos incluir no nosso trabalho.
Um grande abraço,
Maria José e Rui Cunha
Boa tarde, amigo Rui Cunha!
ResponderEliminarSempre que tiver material disponível pode contar comigo.
Abraço tripeiro!
Alberto Guimarães
Muito obrigado.
ResponderEliminarSão sempre enriquecedoras as suas achegas e envios de material.
Um grande abraço
Rui Cunha
Boa noite, amigo Rui Cunha!
ResponderEliminarAs mulheres guardas de passagem de nível, até uma determinada data (talvez fins dos anos 70), ocupavam o seu posto, à passagem dos comboios, autenticamente "armadas até aos dentes": bandeiras verde e vermelha, lanterna, corneta e lata com petardos.
Depois passaram a usar apenas a bandeira vermelha, enrolada.
Desejo-lhe um Feliz Natal e um próspero Ano Novo!
Grande abraço tripeiro!
Alberto Guimarães