6.24.23 - Artes e Ofícios - Publicidade - III
«Em 1918 foi criada no Porto, sedeada no Largo de S. Domingos, a firma “Flôres e Couto”.
Em 1931 o Snr. Alberto Ferreira do Couto tornar-se-ia o único administrador sendo a designação alterada para Couto Lda.
A fórmula da "Pasta Medicinal Couto", foi registada em 13 de Junho de 1932,seria elaborada pelo gerente desta sociedade com a ajuda de um dentista seu amigo. O produto nasceu para lavar os dentes, visando evitar, nomeadamente, as infecções das gengivas, foi também importante para combater os malefícios da sífilis, uma doença proveniente de relações sexuais, que “maltratava os dentes e as gengivas”
A pasta Couto é elaborada com 15 ingredientes, como água, glicerina, sódio, cálcio, o eugenol (desinfetante com qualidades bactericidas), hortelã-pimenta, mentol ou cloreto de potássio.
Ao longo de 80 anos, a marca nacional “Couto - O dentífrico que evita afeções da boca”, teve um momento “menos bom" quando foi obrigado a alterar, por causa de regras da União Europeia, o nome “Pasta Medicinal” por “Pasta Dentífrica”.» In Porto Desaparecido
Festa a favor da Junta Patriótica do Norte no Palácio da Bolsa - 1916
Pasta Medicinal Couto
Festa a favor da Junta Patriótica do Norte no Palácio da Bolsa - 1916
Seis dias depois da intervenção de Portugal no grande conflito mundial de 1914/18, um grupo composto por categorizadas figuras da cidade do Porto, de que destacamos, sem desprestígio para qualquer outro, o eminente professor que foi o Dr. Alberto de Aguiar, lança naquela cidade um movimento de exaltação patriótica, propondo-se glorificar e alentar os que partiam para os campos de batalha e ao mesmo tempo amparar os filhos dos que perdessem a vida ao serviço da Pátria.
Estamos em Março de 1916. Assim nasce a "Junta Patriótica do Norte" cujas funções se condensavas à propaganda patriótica e à assistência-socorro às vítimas da Guerra. A um movimento com tão nobres e elevados propósitos, chegam constantes adesões. E graças a elas, em 25 de Junho de 1917, a Junta Patriótica do Norte funda a Casa dos Filhos dos Soldados, instalando-a num prédio que para o efeito aluga na Rua de Cedofeita.
A Casa dos Filhos dos Soldados recolhe então os primeiros 50 órfãos de guerra, de ambos os sexos, alguns deles apenas com meses de idade. A obra vinga e prospera mercê de grandes dedicações, especialmente do núcleo Feminino de Assistência Infantil que trabalha agregado à Junta, e ao qual preside uma ilustre senhora D. Filomena Sequeira de Oliveira. Conjugando as suas funções de creche com outras, a Casa dos Filhos dos Soldados procura ministrar aos seus educandos, consoante as idades, a par duma sólida educação moral e cívica, uma instrução elementar primária, precedida do ensino "Jardim-Escola" e seguida de educação profissional nomeadamente em artes e ofícios.
Grandes Armazéns Hermínios - Rua de 31 de Janeiro
Este copo era oferecido a clientes
Uma montra de estarrecer; recordo com grandes saudades esta casa onde tantas vezes, em criança, passava largo tempo olhar a montra.
Sendo que meu pai era um dos sócios do Espelho da Moda, no 54 dos Clérigos, muitas vezes tive a oportunidade de me deslumbrar com os maravilhosos brinquedos do 74… Tinha algum acanhamento em entrar,pois era conhecido dos empregados.
Por vezes a D. Maria Esmeriz, uma senhora de uma educação esmerada e porte elegante e agradável, vinha à rua, pegava na minha mão convidava-me para entrar. Aí passava largo tempo a apreciar as centenas de brinquedos num deslumbramento total. Eram os carrinhos, os triciclos, os bonecos, enfim toda uma variedade de atracções que me levavam a sonhos maravilhosos.
Esquecia-me do tempo…
Mais que uma vez algum empregado do Espelho da Moda lá ia perguntar se ali estava… e eu estava mesmo.
SALÃO OLYMPIA 1921 - Inaugurado a 18 de maio de 1912, o “Olympia Kinema Teatro”, na rua de Passos Manuel, foi mandado construir por um retornado do Brasil, Henrique Ferreira Alegria, sob projeto do arquitecto João Queirós.
Publicidade de Raúl Caldevilla – 1917
Cartaz de Raúl Caldevila – 1917 – publicidade feita para ser lançada de cima da Torre dos Clérigos quando da escalada pelo exterior dos Puertollanos.
Um chá nas nuvens – Raúl Caldevila
“...Houve ainda a escalada da Torre, desde a base até ao vértice, pelos Puertollanos ocorrida, se a memória nos é fiel, em 1917. Também assistimos de ânimo inquieto, ao escalamento feito pelos dois sujeitinhos, de moldura em moldura, sem nenhuma batota, sem nenhuma ajuda, atidos apenas às suas boas unhas, que dir-se-iam garras aduncas e firmes.
Quando chegaram à bola cimeira (que Camilo diz “ser menos dura e menos tapada que a cabeça de Basílio Fernandes Enxertado”), já tinham sido providos através da última “ventana”, das vitualhas que iriam saborear nos braços das cruz de ferro, que é remate da Torre. E, atónitos, todos assistimos àquele chazinho das 5, gostosamente beberricado a setenta e tantos metros de altura, isto, muitos anos antes do chá que é servido agora pelas hospedeiras aeronautas. Depois da chazada, vagarosamente libada nos braços da cruz, os acrobatas despediram, para os espectadores, miríades de papelinhos onde se enalteciam as excelência das bolachas, com que os ginastas estavam a acompanhar o seu chá nas nuvens. Os papelinhos diziam o nome das bolachas do seu fabricante, mas nós não o repetiremos agora, para não fazermos graciosa, uma vez que o Puertollanos também a não fizeram…” In O Tripeiro Série VI, Ano IX.
Meu pai contava-me que assistiu à escalada, em 15/7/1917, muito ansioso com o receio de ver a queda do trepador. E digo-o no singular, pois o atleta foi só o Pertollano (pai), tendo o seu filho subido pelo interior e só ter escalado a bola e a cruz. O autor deste texto deveria ser muito jovem dado não ter sequer a certeza da data. Como se pode ver no documentário acima a assistência foi de milhares de pessoas do Porto e terras vizinhas.
Também, segundo meu pai, e já li algures, a escalada a que ele assistiu foi patrocinada por um comerciante do Porto.
Painéis publicitários de Propagandas Caldevilla, na praça da Batalha, em 1919.
Rua de Sá da Bandeira - 1923
“Raul de Caldevilla nasceu no Porto em 21 de Novembro de 1877 e faleceu em Agosto de 1951. Interessou-se por publicidade e ficou conhecido como o primeiro publicitário em Portugal.
Em 1912, fundou, na rua de 31 de Janeiro, n.º 165, a “ETP - Empreza Technica Publicitaria” de “Raul de Caldevilla & Cª, Lda” que se tornou empresa pioneira na utilização de publicidade exterior com recurso a cartazes de grandes dimensões”. In Porto Desaparecido
Gasolina da Vacuum, mais tarde Mobil – 1926
Recordámo-nos muito bem de meter gasolina numa bomba desta maca à entrada da Rua de Agramonte onde hoje está uma oficina de pneus. A bomba era deste estilo e metia 5 litros por cada bombada.
Ao lado da Igreja de S. Nicolau – maravilhoso FIAT TOPOLINO
Gostaria de fazer um comentário subdividido em dois:
ResponderEliminar1) ainda hoje uso a pasta dos dentes Couto, mas creio que não é a mesma fórmula da original... Para além da palavra medicinal que teve de desaparecer da embalagem... creio que, pelo menos a dos anos 80, era de uma cor mais creme e com algum granulado, ao contrário da atual que é simplesmente branca. Estarei a imaginar? (As coisas de que "a gente" às vezes se recorda...)
2 - Aquela casinha ali meio escondida ao lado da igreja paroquial de S. Nicolau já não existe e temos ali agora um pequeno larguinho. Curioso que ela parece ser anterior ao século XVIII, em que foi construída a igreja. A anterior, provavelmente uma ermida românica, era mais pequena é claro, mas estava situada de nascente para poente ao contrário da atual. Interessante de saber onde terá estado realmente. Sobre isso apenas sei que foram compradas umas casas para serem demolidas aquando da construção desta igreja.
Um abraço
Nuno Cruz
Boa noite caro leitor,
ResponderEliminarMuito obrigado pelos comentários que escreveu.
1 - Eu também usei durante alguns anos a pasta Medicinal Couto.
Com a invasão da Colgate passei a usa-la por uma questão de sabor. Hoje uso várias conforme vou gostando.
2 - A fotografia, dado os automóveis, deverá ser dos fins dos anos 50, início dos 60.
Não tinha reparado que a casinha já não estava lá, mas recordo-me bem do largo a que se refere.
Um abraço,
Rui Cunha