terça-feira, 25 de outubro de 2016

TRANSPORTES DE PASSAGEIROS - BURRO E CAVALO

6.26.1 - Transportes de passageiros – burro e cavalo


A propósito do transporte de passageiros muito haveria a dizer. Daremos, porém, um resumo, começando pelas peripécias das viagens entre cidades:

"Em 1789, James Murphy, depois de conhecer a cidade do Porto, decidiu rumar a Sul, do que nos faz uma notável descrição da primeira parte da viagem: “Parti para a Batalha numa carruagem que partilhei com um jovem português que ia para Lisboa cursar Teologia. Viajámos durante o primeiro dia com quatro serviçais galegos, utilizados pelos nossos condutores para puxar as viaturas e as suas mulas nos maus troços que apresentava o caminho. É verdadeiramente extraordinário que tão perto da segunda cidade do reino se não encontre um vestígio do que se possa chamar um caminho! Não é, todavia, que se não tenha trabalhado para construir um, mas os trabalhos foram tão mal conduzidos que a primeira tempestade levou consigo a maior parte. Foi-nos impossível avançar sem o socorro destes empregados porque as nossas mulas caíam a cada instante ou enterravam-se na lama e por aí teriam ficado sem a conjugação dos nossos esforços. Pelas quatro horas da tarde mulas e arrieiros, galegos e viajantes, chegámos aos Carvalhos, todos emporcalhados da cabeça até aos pés”. 



Burro mirandês em vias de extinção

Desde 5.000 anos A.C. que o homem domesticou o burro para seu uso como transporte de mercadorias e suas deslocações. Até que a civilização introduziu transportes colectivos que, devido às más condições das ruas e estradas, tiveram muita dificuldade em se impor.


Desde o transporte de pequeninos até ...



Era muito comum, no séc. XIX, fazerem-se alegres burricadas entre o Porto e a Foz; “até os ingleses e inglesas gostavam…”


Burro divertido!

Em 1936, Artur de Magalhães Basto escreveu no seu livro “A Foz há 70 anos” (cerca de 1860):



Mula é o animal híbrido resultante do cruzamento de um jumento , com uma égua. O cruzamento inverso, de um cavalo com uma jumenta, gera o bardoto. 
Mula é o termo usado para se referir ao híbrido do sexo feminino; o do sexo masculino é geralmente denominado de macho.

Eu tinha uma mula preta - vídeo


A viagem a cavalo é também milenar.



O cavalo lusitano tem a sua origem nos cavalos primitivos da Península Ibérica, tendo recebido algum sangue árabe e norte africano. Reconhecido por gregos e romanos como os melhores em combate e sela do mundo, eram os preferidos, na Idade Média, pelas casas reais europeias.

Puro sangue Lusitano é o cavalo de sela mais antigo do mundo

Vídeo

Em O Tripeiro, Volume 6, de 15/4/1927 encontrámos uma interessante descrição de uma viagem, a cavalo, do Porto à Régua, feita em 1704 por um inglês:




Quando saía de casa a mulher do Porto era habitualmente muito recatada, até que os tempos foram mudando as modas e…
A Mantilha fazia parte do guarda-roupa feminino das portuenses por volta de 1830 a 1860; tal como hoje era a moda parisiense que deslumbrava as mulheres do norte. A moda da Mantilha enraizou-se de tal forma que o seu uso cedo começou a sofrer ataques: uns dirigidos em nome da moral e dos bons costumes, outros mesmo porque a moda e os costumes locais corriam o risco de desaparecer. Surgiram sátiras e remoques nos quais participaram Almeida Garrett e outros homens das letras:

«Biôco negro,
De onde mal vislumbra,
Raro lampejo de celeste face.
Oh! Quem o rasgara...-»

Os galanteios amorosos visavam o desejo de se ver a face das mulheres e Almeida Garrett participou com textos seus nesta campanha.

«Mesmo como poderiam
As amigas, com tais Côcas,
Na igreja, onde as vigiam,
Jogar as suas beijocas,
Que a nós homens arripiam?!»

Surgiu mesmo, a propósito, uma literatura de cordel, e em 1860 o uso da Mantilha era comentado assim:
«Aqui, na cidade do Porto, o que há de mais feio é o trajo das tais mulheres de mantilha. Ora façam ideia de quão desagradável não será ver a cada canto um bando de fantasmas vestidos de negro... e que não são mais que mulheres embuçadas...»
Ramalho Ortigão, saudoso cidadão da nossa cidade, escreveu sobre “A toilette de uma senhora em dias de semana estava completa com as seguintes peças: uma saia preta para vestir por cima do vestido de trazer por casa; um chaile atravessado no peito e pregado com um broche da côr e da forma de um ôvo frito: uma mantilha de lapim, umas luvas de meio dedo e um lencinho de três pontas destinado, para que se não engordurasse a Côca da mantilha, a embrulhar o chignon… Também era outro o nome disso. Ao rolo das tranças sujeito sobre a nuca por um atilho e um pente de pechisbeque chamava-se-lhe na minha terra puxo”

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