6.26.6 - A Máquina I - primitiva remise da Boavista, Praça de Cadouços
A primitiva remise da Boavista onde recolhiam a máquina e os americanos e mais tarde, depois de remodelada, os eléctricos. Construída em 1874, ardeu em 1928.
Em O Tripeiro, Série VI, Ano X, a D. Albertina Marinho dos Santos, descreve memórias dos primeiros anos do passado século:
“ Naquele tempo as pessoas antes de iniciar a época balnear, iam, primeiro ao médico para se certificar do seu estado de saúde, isto é, se estavam em condições de poder tomar banhos de mar. Os médicos eram todos unânimes em receitar, antes de mais, um laxativo, que geralmente era óleo de rícino, um dia de cama com grande dieta e, obrigava a estar 8 dias em casa para não apanhar ar nem sol. Era assim que procediam os médicos tais como o Dr. Caldas, Dr. Forbes Costa, Dr. Maia Mendes, etc… Passados 15 dias já se podia, então, ir tomar banhos de mar. As pessoas que viviam no Porto e que tinham que ir tomar banho para Foz saíam de casa por volta das 6 horas da manhã, para apanhar o primeiro carro americano que saíam do Carmo, ia pelo Carregal, atravessava um túnel para sair na Rua do Rosário e daí seguia para a Boavista.
Em tempo: Em relação à referência deste túnel recebemos do nosso habitual e conhecedor leitor José Fiacre, um esclarecimento que aqui transcrevemos:
"Relativamente ao vosso último lançamento, e sobre uma referência que revista O Tripeiro faz num texto, à existência de um túnel entre o jardim do Carregal e a Rua do Rosário, penso que, a terminologia “túnel”, poderá induzir as pessoas em erro, pois, tratar-se-ia de um corredor entre paredes, e não um túnel fechado como se é levado a supor. Por essa razão em escritos que guardo, refiro-me ao facto nos seguintes termos:
Em tempo: Em relação à referência deste túnel recebemos do nosso habitual e conhecedor leitor José Fiacre, um esclarecimento que aqui transcrevemos:
"Relativamente ao vosso último lançamento, e sobre uma referência que revista O Tripeiro faz num texto, à existência de um túnel entre o jardim do Carregal e a Rua do Rosário, penso que, a terminologia “túnel”, poderá induzir as pessoas em erro, pois, tratar-se-ia de um corredor entre paredes, e não um túnel fechado como se é levado a supor. Por essa razão em escritos que guardo, refiro-me ao facto nos seguintes termos:
“Na Rua do Rosário tem-se como curiosidade que no
tempo da tracção eléctrica e até Outubro de 1925, as composições passavam num
corredor ao lado do prédio com o nº 46 e desembocavam no Jardim do Carregal,
vindas da Praça da Boavista.
Por aquele corredor já passavam antes, vindos do
Carmo, os “Americanos” que se dirigiam à Boavista”.
Era ali que encontravam já mais carros americanos atrelados a uma locomotiva a vapor muito pequenina (era a Máquina). Então este pequeno comboio, através dos campos, silvados, etc., ia até Cadouços (chamado as sete casas) onde parava. Era ali que as pessoas que iam para a Foz, saíam e desciam uma rampa, onde havia um casino, e dirigiam-se para o mar. O referido comboio seguia para Matosinhos, sendo obrigado a passar por uma pequena ponte muito curiosa.
Para tomar o banho, as senhoras vestiam os seus fatos de banho, compostos de calças até aos tornozelos e um vestido até abaixo do joelho e meia manga. Os homens com calças até ao joelho e umas blusas. Os fatos de banho, tanto das senhoras como dos homens, eram pretos e guarnecidos de fitas brancas.”.
O túnel a que refere o texto ficava no jardim do Carregal nas traseiras do Hospital de Santo António e ligava à Rua do Rosário.
A Máquina na remise da Boavista, acabada de chegar de Matosinhos. Ao fundo um americano talvez acabado de chegar do centro. Perto da máquina estão duas mulas prontas a serem engatadas numa carruagem e leva-las até ao centro da cidade (Campanhã, Praça ou Carmo). Cada carruagem transportava cerca de 40 passageiros. Fim séc. XIX.
In O Tripeiro, Série V, Ano VIII
O mesmo local 100 anos depois.
A Máquina virava aqui à esquerda, na Rua Correia de Sá, na chamada Fonte da Moura de Cima, a caminho da Ervilha, Cadouços e Matosinhos – No dia 23/8/1914 descarrilou na Ervilha uma máquina provocando 2 mortos e cinco feridos.
A Máquina nº. 7, a última que a Carris comprou, a caminho de Matosinhos (o texto abaixo refere-se a esta fotografia)
Embora longo não podemos deixa de reproduzir o artigo de J. Castelo Branco e Castro , em O Tripeiro, Série V, Ano VIII (1953), pois é um testemunho vivido na sua juventude:
Rua onde existiram as cocheiras das mulas – á direita ficava o Mercado do Bolhão e ao fundo, num ponto mais alto a Rua de Fernandes Tomás e a Fábrica de Estamparia do Bolhão.
Memória a D. Pedro V na Rua de Fernandes Tomás – abaixo ficava o Mercado do Bolhão
Ponte de Cadouços
Postal de 1907
In Os velhos eléctricos do Porto
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